Cancro relacionado com o trabalho: o que é e como lidar com este problema nas empresas?

Cancro relacionado com o trabalho: o que é e como lidar com este problema nas empresas?

O cancro relacionado com o trabalho consiste, sem dúvida, numa das principais ameaças ao bem-estar e à saúde nas empresas. Aliás, este problema é responsável por cerca de metade das mortes relacionadas com o trabalho nos Estados-Membros da União Europeia (UE) e noutros países desenvolvidos. Estes alarmantes dados, provenientes da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), devem impelir as organizações a agir. 

Mas o que se entende por cancro relacionado com o trabalho? Que fatores podem, afinal, potenciar o seu desenvolvimento? E como se pode apostar numa estratégia preventiva? Trazemos-lhe, pois, algumas respostas para estas e outras questões incontornáveis. 

Antes de mais, o que é o cancro relacionado com o trabalho? 

Num estudo publicado pelo Eurostat — concernente ao pesado impacto deste problema nas economias da UE —, apresenta-se uma definição concisa do conceito “cancro relacionado com o trabalho”, a saber: 

Este termo aplica-se aos cancros que têm como causa a exposição a fatores carcinogénicos no contexto laboral, sobretudo devido a uma exposição prolongada.

Também denominado “cancro ocupacional” ou “cancro profissional”, este tipo de doenças desenvolve-se, total ou parcialmente, em virtude do contacto com carcinogénicos no local de trabalho. Naturalmente, este termo engloba um conjunto muito amplo de cancros, que podem afetar os mais diversos órgãos humanos.  

Existem mais de uma centena de tipos de cancros diferentes. Todavia, todos eles provocam um crescimento anormal e descontrolado de células cancerígenas que, na maioria das vezes, formam uma massa — o tumor. Existem algumas exceções: as doenças que ocorrem no sangue, por exemplo, não formam massas tumorais. 

Quais são, então, os setores mais vulneráveis ao cancro ocupacional? 

De acordo com dados do Eurostat, produzem-se anualmente, na Europa, mais de 80 milhões de toneladas de substâncias cancerígenas, mutagénicas ou reprotóxicas (CMR). Por conseguinte, estes agentes, muito prejudiciais para a saúde, estão amplamente presentes nos locais de trabalho, um pouco por todos os setores profissionais.

Em 2024, a EU-OSHA publicou um estudo intitulado “Fatores de risco de cancro profissional na Europa — primeiras conclusões do inquérito sobre a exposição dos trabalhadores. Aplicado em seis Estados-Membros da UE — Alemanha, Irlanda, Espanha, França, Hungria e Finlândia —, este relatório apresenta algumas conclusões relevantes, a saber: 

  • Entre os fatores de risco de cancro relacionado com o trabalho, destacam-se (do ponto de vista da frequência da incidência) a radiação solar ultravioleta (UV), as emissões de gases de escape dos motores diesel, o benzeno e a poeira de sílica cristalina respirável (SCR)
  • No que respeita aos setores profissionais, mais de 60% dos trabalhadores expostos a múltiplas fontes de risco trabalhavam no setor do minério e da extração ou em atividades de construção;  
  • Entre os trabalhadores expostos somente a um fator de risco de cancro relacionado com o trabalho, 14% trabalhavam em atividades transformadoras, 14% no comércio (por grosso/a retalho) e 13% em atividades relacionadas com a saúde humana e a ação social; 
  • Por fim, múltiplos locais de trabalho/setores profissionais apresentaram uma elevada exposição a diversos fatores de risco. Por exemplo:  
  • Minas e pedreiras;  
  • Construção civil; 
  • Estações de serviço; 
  • Construção e manutenção de estradas; 
  • Agricultura e silvicultura; 
  • Transportes; 
  • Indústria dos estofos, da borracha e do plástico. 

 

E quais são os tipos de cancro relacionado com o trabalho mais comuns? 

Os tipos de cancro que os trabalhadores desenvolvem depende, decerto, do tipo de risco a que se encontram (ou encontraram) sujeitos no contexto laboral. As possibilidades são, por isso, inúmeras.

Porém, podemos identificar três das doenças cancerígenas mais frequentes no âmbito profissional, segundo o citado estudo da EU-OSHA: 

  • Cancro do pulmão — amplamente associado à exposição ao pó de sílica ou às emissões de escape de motores a diesel, por exemplo. Tem uma forte incidência nas indústrias da construção, da mineração ou da manufatura; 
  • Mesotelioma maligno — relacionado com a exposição ao amianto, desenvolve-se na camada fina de tecido que cobre muitos dos nossos órgãos internos; 
  • Cancro da bexiga — os fatores ocupacionais são a segunda causa mais relevante para o desenvolvimento desta doença (depois do tabagismo). Associa-se, então, à exposição a derivados de benzeno e aminas. Assim, a sua ocorrência verifica-se muito em trabalhadores das indústrias de borracha, têxtil, tintas e outros produtos químicos. 

 

Foco na prevenção: como devem as organizações agir? 

Ainda que difíceis de monitorizar e controlar, os cancros relacionados com o trabalho são evitáveis. Aliás, a Diretiva 2004/37/CE, relativa à proteção dos trabalhadores contra os agentes cancerígenos ou mutagénicos, estabelece que a entidade patronal deve: 

  • Avaliar, com frequência, os riscos profissionais concernentes à exposição a agentes cancerígenos; 
  • Gerir esse risco, procurando eliminar ou minimizar a exposição dos trabalhadores;
  • Disponibilizar às autoridades competentes, sempre que necessário, informações sobre o número de trabalhadores expostos e as medidas preventivas aplicadas; 
  • Informar e consultar os trabalhadores, e seus representantes, sobre o grau de exposição a que se encontram sujeitos e as políticas de contenção a adotar.

 

Cancro relacionado com o trabalho: o que é e como lidar com este problema nas empresas?

O papel da saúde ocupacional no combate contra o cancro 

Como vimos, este é, sem dúvida, um problema determinante para a promoção da saúde dos trabalhadores em qualquer organização. 

A medicina do trabalho assume, decerto, uma importância fulcral em qualquer estratégia consolidada de prevenção do cancro relacionado com o trabalho. A realização de avaliações de risco nos ambientes laborais, para identificar agentes potencialmente cancerígenos, por exemplo, é fundamental. Para isso, deve-se proceder à análise regular das condições de trabalho, dos processos industriais  ou dos produtos químicos utilizados, a fim de detetar substâncias que possam representar um risco à saúde dos trabalhadores.  

As monitorizações ambientais contínuas devem, ainda, fazer-se acompanhar de uma vigilância contínua de um conjunto amplo de outros fatores. Falamos, aqui, de variáveis que, de modo menos evidente, podem potenciar o desenvolvimento de várias doenças profissionais, incluindo cancro relacionado com o trabalho. 

Deve, então, prestar-se atenção a condições de risco profissional como o tabagismo involuntário ou a falta de qualidade nutricional da alimentação dos trabalhadores, diretamente associadas ao desenvolvimento de cancros. Ademais, importa equacionar fatores que podem fomentar indiretamente o desenvolvimento destas doenças, como, por exemplo: 


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