A prevalência das perturbações de ansiedade revela-se, decerto, indiscutível na sociedade atual, principalmente após a pandemia de COVID-19. Aliás, estima-se que cerca de 1 em cada 10 trabalhadores sofrerá de ansiedade, em algum momento da vida, o que aumenta a probabilidade de absentismo e reduz a produtividade. Por conseguinte, a sensibilização para o impacto da ansiedade no trabalho, e respetiva prevenção, torna-se crucial.
Descubra então, neste artigo, os sintomas e as causas da ansiedade no trabalho, além do papel vital das empresas no seu combate.
O que é a ansiedade?
Segundo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a ansiedade constitui uma resposta biológica e psicológica ao perigo ou ao stress no quotidiano. Caracteriza-se, assim, por sensações de medo perante ameaças ou preocupações. Pode, contudo, descontrolar-se e ocorrer mesmo na ausência de perigo.
Apesar de consistir numa reação normal, quando se torna exagerada, ou prolongada, a ansiedade pode agravar a condição de saúde física e mental dos trabalhadores. Nesses casos, referimo-nos a perturbações de ansiedade — um medo intenso e desproporcionado que perdura durante, pelo menos, meio ano.
Estas apresentam um profundo impacto na vida dos trabalhadores, podendo mesmo incapacitá-los. Podem ainda conduzir ao desenvolvimento de perturbações depressivas, doenças cardiovasculares ou lesões musculoesqueléticas.
Entre os diversos tipos de ansiedade, podemos destacar, por exemplo:
- Fobias — medo intenso e específico de situações, objetos, animais ou fenómenos;
- Ataques de pânico — crises súbitas de medo intenso com sintomas físicos;
- Perturbação de ansiedade generalizada — ansiedade permanente, geralmente com sintomas físicos;
- Stress pós-traumático — ansiedade intensa desencadeada por um estímulo que remete para uma memória traumática.
Quais são as causas da ansiedade?
Os especialistas apontam para a existência de múltiplas causas para perturbações de ansiedade, nomeadamente:
- Genéticas;
- Psicológicas;
- Traumas — determinados eventos (acidentes, assaltos, incêndios, abuso e violência, por exemplo) que se tornam tão perturbadores que a ansiedade a eles associada se mantém após a sua ocorrência;
- Consumo de drogas — mesmo cafeína em excesso pode provocar crises de ansiedade;
- Outros problemas de saúde mental;
- Problemas de saúde física — algumas doenças (principalmente na tiroide) ou tratamentos (como corticoides) podem agravar a ansiedade.
Más condições económicas, pressão excessiva, sobrecarga de trabalho, metas inalcançáveis, prazos irrealistas, falta de apoio e de valorização, conflitos e assédio constituem exemplos de causas de ansiedade no trabalho.
Quais são os sintomas da ansiedade no trabalho?
Os sintomas da ansiedade no trabalho dividem-se em três categorias, a saber:
- Psicológicos — sensações de medo, angústia e inquietação, dificuldades de concentração e memória, preocupações persistentes, estado de alerta constante, insónia, aumento ou perda de apetite, choro, cansaço e irritabilidade;
- Físicos — tensão muscular, tremores, respiração acelerada, superficial e ofegante, tonturas, formigueiro, transpiração excessiva, boca seca, vontade súbita de urinar/defecar, dores de cabeça, cólicas, problemas intestinais, gástricos (úlceras e gastrites) e cardíacos (arritmias, taquicardias e hipertensão);
- Comportamentais — evitamento da ameaça.
Os trabalhadores podem experienciar estes sintomas de ansiedade no trabalho, principalmente se a sua atividade profissional provocar stress prolongado.
Como identificar um ataque de pânico?
Anualmente, a 18 de junho, assinala-se o Dia Internacional do Pânico, um momento de reflexão sobre a importância de atenuar episódios de ansiedade intensa, minimizando as suas causas.
Alguns dos principais sintomas de um ataque de pânico incluem, por exemplo:
- Medo intenso de morrer, enlouquecer ou perder o controlo;
- Perda da noção da realidade e dissociação;
- Sensação de falta de ar e hiperventilação;
- Ritmo cardíaco acelerado, palpitações e dor no peito;
- Suores, tremores e formigueiro nos membros;
- Tonturas e dificuldade em manter o equilíbrio;
- Náuseas e dores abdominais;
- Sensação de calor ou frio anormal.
Como explica o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), um ataque de pânico tende a atingir a sua intensidade máxima em, aproximadamente, 10 minutos.
Frequentemente, os indivíduos confundem os seus ataques de pânico com outros problemas de saúde, como o enfarte agudo do miocárdio, o que agrava a ansiedade e o seu estado. Mas, afinal, como devemos agir perante este problema?
Como lidar com a ansiedade no trabalho?
Os trabalhadores que demonstrem com frequência sintomas de ansiedade no trabalho devem, certamente, ter acesso a apoio especializado. O controlo da ansiedade pode passar por psicoterapia ou medicação:
- A psicoterapia consiste num tratamento recomendado para a ansiedade no trabalho, ajudando o indivíduo a reconhecer, compreender e corrigir os seus padrões mentais e comportamentais negativos. Frequentemente, envolve também a aprendizagem de técnicas de relaxamento e regulação do sono;
- A medicação pode revelar-se eficaz no controlo de perturbações de ansiedade moderadas ou graves. Todavia, o doseamento desta medicação carece sempre de vigilância atenta e especializada.
O papel das empresas na prevenção da ansiedade no trabalho
As empresas devem, sem dúvida, manter-se atentas aos sintomas de ansiedade no trabalho demonstrados pelos seus trabalhadores e às suas necessidades específicas de apoio. Além disso, devem implementar políticas de prevenção:
- Mantenha uma comunicação aberta às preocupações dos trabalhadores;
- Construa um ambiente de trabalho baseado na segurança, no respeito e na empatia;
- Forneça formações focadas em gestão de conflitos, inteligência emocional, gestão do tempo e do stress ou motivação de equipas, por exemplo;
- Combata o controlo obsessivo e o trabalho em horas extraordinárias;
- Promova hábitos alimentares saudáveis;
- Insira no quotidiano momentos de pausa e alívio de tensão, com exercício físico, alongamentos, correção da postura corporal ou relaxamento progressivo;
- Valorize os seus trabalhadores, bem como o seu direito ao descanso e lazer;
- Fomente o acesso a cuidados de saúde mental.
A importância da proteção da saúde mental do trabalhador e do combate da ansiedade no trabalho
Problemas de saúde mental, como a ansiedade no trabalho, devem encarar-se com seriedade, principalmente considerando o sofrimento e a perda de funcionalidade que provocam, com consequentes prejuízos para as empresas. Além disso, verifica-se uma elevada probabilidade de reincidência das perturbações de ansiedade laboral após o tratamento, o que exige uma política de prevenção da ansiedade no trabalho contínua.
Assim, se procura reduzir os riscos psicossociais a que os seus trabalhadores estão expostos, salvaguardando a sua saúde mental e física e controlando o impacto da ansiedade no trabalho, conte com a equipa de especialistas em Medicina do Trabalho da Centralmed.