Dia Mundial de Luta Contra o Cancro: riscos no trabalho 

A 4 de fevereiro assinala-se, anualmente, o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro. Integrada num conjunto de compromissos políticos para fortalecer a saúde das populações, esta data torna-se, sem dúvida, essencial na educação sobre uma doença prevalente e devastadora, muitas vezes provocada ou agravada pelas condições laborais.

 

 

O que é e qual é a importância do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro?

O Dia Mundial de Luta Contra o Cancro consiste numa iniciativa de sensibilização, que começou em 2000, no World Summit Against Cancer For the New Millennium. A sua realização é apoiada pela União Internacional de Controlo do Cancro (UICC).

Os seus principais objetivos consistem em alertar a comunidade para os fatores de risco associados ao cancro, as suas medidas de prevenção, os seus sintomas e os tratamentos disponíveis. Desse modo, espera-se normalizar o diagnóstico precoce e otimizar os cuidados continuados.

O combate ao cancro revela-se vital, especialmente considerando que, como refere o Plano europeu de luta contra o cancro: “Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas na União Europeia (UE) são diagnosticadas com cancro e 1,3 milhões morrem desta doença.” A prevalência do cancro é tão intensa que poderá facilmente tornar-se na principal causa de morte na região.

Além disso, 40% dos casos de cancro são evitáveis. Portanto, o foco na prevenção, com iniciativas como o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, pode salvar inúmeras vidas. As prioridades deste plano da UE consistem em, por exemplo:

  • Prevenir o cancro, através da promoção de hábitos saudáveis e de condições laborais adequadas;
  • Otimizar a deteção precoce;
  • Conferir acesso igualitário ao diagnóstico e ao tratamento;
  • Melhorar a qualidade de vida dos doentes e dos sobreviventes de cancro.

 

Nova abordagem da UE na luta contra o cancro

Em setembro de 2022, apresentou-se uma nova abordagem para aumentar a cobertura do rastreio de cancro na UE. Pretende-se garantir, até 2025, o rastreio de 90% da população europeia elegível para o desenvolvimento dos cancros da mama, do colo do útero e colorretal, alargando ainda o rastreio dos cancros do pulmão, da próstata e gástrico.

Neste quadro, Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia, defende: “Nos últimos dois anos, a COVID-19 teve um impacto negativo na prevenção, deteção e diagnóstico do cancro. A deteção do cancro numa fase precoce pode fazer a diferença, uma vez que aumenta as opções de tratamento e permite salvar vidas. Para que tal seja possível, temos de reforçar o rastreio em toda a UE.”

 

Dia Mundial de Luta Contra o Cancro: quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de cancro?

Similarmente a outras doenças, também no cancro surgem fatores de risco que tornam as pessoas mais vulneráveis. Existem, assim, duas grandes categorias de fatores de risco para o cancro: controláveis e não controláveis.

Dentro dos aspetos controláveis encontramos, por exemplo:

  • Exposição ambiental;
  • Estilos de vida (alimentação e atividade física);
  • Infeções por determinados vírus, bactérias ou parasitas.
  • Como fatores não controláveis podemos considerar, então, a idade, a predisposição genética ou a etnia.

 

No âmbito da Saúde e Segurança no Trabalho (SST), torna-se, assim, crucial estar atento aos perigos da exposição ambiental. Muitos trabalhadores estão expostos a agentes nocivos e tóxicos, devido às suas funções ou condições laborais específicas. Contudo, uma exposição prolongada a agentes carcinogénicos pode aumentar significativamente o risco de cancro.

Segundo o portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), podemos considerar dois tipos de agentes carcinogénicos, a saber:

  • Químicos — por exemplo, poluentes atmosféricos, como gases libertados por chaminés industriais e automóveis (gases de escape/emissões de motores diesel, poeiras de sílica, de madeira de folhosas e fumos de soldadura); produtos sintéticos, como colas ou tintas; alimentos processados;
  • Físicos — radiação ultravioleta, provinda do sol; radiação X, transmitida pelos equipamentos médicos de radiologia; material radioativo, presente, por exemplo, nas minas de urânio.

 

O que são Agentes Cancerígenos, Mutagénicos ou Tóxicos para a Reprodução?

Os agentes cancerígenos, mutagénicos ou reprotóxicos (CMR) consistem em produtos químicos perigosos presentes nas atividades laborais. Portanto, constituem elementos ou compostos químicos, isolados ou em mistura, que representam perigos físicos e/ou para a saúde e a segurança dos trabalhadores. Promovem, então, o desenvolvimento de cancro, a mutação de células germinativas ou prejudicam a função reprodutiva humana.

Embora existam ideias preconcebidas relativamente ao facto de os agentes químicos perigosos serem apenas relevantes em indústrias como a química e a farmacêutica, por exemplo, na verdade, estendem-se a todos os setores económicos. Afinal, produtos de limpeza, pesticidas, colas e tintas são muito frequentes, mesmo na agricultura, no comércio e nos serviços. Portanto, estes agentes CMR afetam um número muito elevado de trabalhadores, devendo ser relembrados neste Dia Mundial do Cancro 2023.

O Guia Técnico n.º 2 lembra que, “das 110 mil substâncias químicas sintéticas produzidas em quantidades industriais, apenas estão disponíveis dados adequados de avaliação de riscos para cerca de 6 mil e só se encontram definidos valores limite de exposição profissional para 500-600 produtos químicos perigosos”. Urge, assim, manter uma vigilância constante, especialmente considerando que “o grupo mais numeroso de fatores de risco profissional da lista nacional de doenças profissionais é de natureza química”.

 

Dia Mundial de Luta Contra o Cancro: quais são os perigos dos agentes químicos cancerígenos?

Verifica-se urgência na implementação das melhores práticas de prevenção na exposição a agentes químicos cancerígenos, pois o cancro é a primeira causa de morte relacionada com o trabalho na UE. Aliás, o cancro profissional mata 10 pessoas por hora. Estes dados não surpreendem, neste Dia Mundial de Luta Contra o Cancro 2023, considerando que existem, pelo menos, 32 milhões de trabalhadores expostos a substâncias cancerígenas.

Perante esse cenário de cancro no trabalho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) destacaram as medidas associadas aos agentes cancerígenos no trabalho como uma das prioridades do Código europeu contra o cancro. A EU-OSHA, por sua vez, promove campanhas como a Stop Cancer At Work, visando salvaguardar a saúde e a segurança no trabalho.

Se pretende proteger os seus trabalhadores do cancro no trabalho, conte com o apoio da equipa de especialistas da Centralmed.

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