Qual o impacto da digitalização do trabalho na segurança dos trabalhadores?

Digitalização do trabalho: qual o seu impacto na segurança dos trabalhadores?

A permanente (e tantas vezes desconcertante) evolução tecnológica encerra, sem dúvida, o potencial de revolucionar integralmente as dinâmicas do mundo laboral. Não é, porém, uma realidade de hoje: isto verifica-se, pelo menos, desde o início da era industrial. Não obstante, o recente processo de digitalização do trabalho tem apresentado um impacto incomparável neste âmbito. 

A emergência de novas tecnologias — como a inteligência artificial (IA), a robótica avançada ou as plataformas de trabalho digital, por exemplo — acarreta um conjunto de desafios e, claro, de grandes oportunidades. Com efeito, as práticas, as preocupações e as normas de segurança e saúde no trabalho (SST) não são alheias a esta realidade. Como preparar, então, este futuro já tão presente para os negócios?  

As consequências da digitalização do trabalho na segurança dos trabalhadores 

O ininterrupto processo de digitalização do trabalho deve perspetivar-se por meio de dois ângulos, no que aos padrões de SST respeita: 

  • Por um lado, o novo paradigma tecnológico oferece ao tecido corporativo uma ampla gama de inovações. Estas podem aumentar substancialmente as condições de segurança no trabalho e reduzir a exposição a riscos profissionais
  • Por outro lado, a adoção de novas plataformas e ferramentas no dia a dia impõe um conjunto de novos desafios e ameaças aos trabalhadores, que podem comprometer o seu bem-estar. 


Atentemos, portanto, num caso ilustrativo desta duplicidade na digitalização do trabalho. O recurso a sistemas de automatização de certas tarefas — dotados de sensores inteligentes e Internet das Coisas (IoT) — pode, em alguns contextos industriais, eliminar a necessidade de exposição dos trabalhadores a determinadas substâncias tóxicas. Ou pode, apenas, evitar a sua sujeição a tarefas fisicamente extenuantes e potencialmente lesivas. 

Todavia, a implementação destas tecnologias no contexto laboral pode originar um leque diversificado de novos riscos profissionais e ameaças. A interação humano-máquina no dia a dia pode, por exemplo, desencadear acidentes de trabalho graves, bem como stress ocupacional associado ao receio de substituição. 

Por conseguinte, a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) defende: 

A digitalização do trabalho está a transformar rapidamente o mundo laboral, exigindo novas e atualizadas soluções de SST. (...) Enfrentar os desafios e riscos, sem deixar de maximizar as oportunidades, depende do modo como as tecnologias são aplicadas, geridas e reguladas.

Como assegurar os padrões de SST neste novo contexto laboral? 

Como vimos, os riscos subjacentes à digitalização do trabalho podem apresentar uma natureza física, mas também psicossocial. Consequentemente, as políticas de saúde e segurança no trabalho, orientadas para estes novos desafios, devem revelar-se abrangentes e inclusivas.  

A campanha da EU-OSHA para 2023-2025 debruça-se, então, sobre esta problemática central. Destaca algumas linhas de ação para as organizações, a saber: 

  • Sensibilizar todos os stakeholders para a relevância e as implicações da digitalização do trabalho em matéria de SST; 
  • Aumentar a consciência e o conhecimento prático de todos os trabalhadores, sobre a utilização segura e produtiva das novas tecnologias. A formação profissional revela-se, decerto, determinante neste âmbito; 
  • Promover uma regular avaliação de riscos (com particular atenção para as ameaças emergentes) e uma gestão proativa da segurança no trabalho, fomentando o envolvimento dos trabalhadores nas tomadas de decisão. 


Ora, se a digitalização do trabalho desperta, de facto, um conjunto de desafios para a SST, a verdade é que estas ferramentas não podem deixar de integrar o plano de soluções. 

Qual o impacto da digitalização do trabalho na segurança dos trabalhadores?

As novas tecnologias como aliadas da segurança no trabalho 

De acordo com um estudo conduzido pela Sphera, intitulado “2023 Process Safety Report”:  

0 %

dos inquiridos acreditam que a tecnologia permite, ou permitirá, uma gestão mais eficaz do processo de segurança nas organizações.

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afirmam que o acesso a indicadores de SST processados em tempo real, por meio das ferramentas digitais, melhora a perceção do risco e da segurança.

Pois bem, o universo de respondentes deste relatório — composto por profissionais de segurança no trabalho e gestão de risco profissional — revela-se unânime em relação ao papel construtivo que a tecnologia pode desempenhar no quadro da digitalização do trabalho. 

De facto, o avanço das ferramentas digitais de SST (equipadas com IA, por exemplo) viabiliza o rastreamento, em tempo real, da exposição dos trabalhadores a determinados riscos. Similarmente, pode lançar alertas concernentes à inadequação das estratégias de prevenção e segurança implementadas no local de trabalho.  

Trata-se, sem dúvida, de um instrumento relevante na edificação de uma cultura de segurança mais robusta, alicerçada na análise contínua de um grande volume de dados críticos. Todavia, importa equacionar preocupações de índole ética, relacionadas com a recolha de dados e o direito à privacidade. Neste âmbito, as políticas de transparência e o diálogo inclusivo são indispensáveis. 

Além disso, estes instrumentos tecnológicos permitem que os profissionais reportem questões de segurança de maneira mais ágil e descomplicada. 

O futuro da SST é um tema de hoje  

A progressiva e imparável digitalização do trabalho espelha-se, hoje em dia, em múltiplos fatores: da automatização de tarefas (sobretudo as mais perigosas) à possibilidade de trabalhar remotamente, passando pela crescente convivência entre máquinas e humanos nos locais de trabalho, por exemplo.  

A resposta das políticas de segurança no trabalho a esta nova realidade não é, por isso, um plano para uma eventualidade. Requer das organizações, desde já, um cuidadoso e proativo planeamento. Só dessa maneira podem garantir que a implementação de ferramentas poderosas e amplamente disruptivas, como a IA, não compromete a integridade e o bem-estar (físico e mental) dos trabalhadores. 

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