A pandemia da COVID-19 confrontou-nos com a importância decisiva da aposta numa cultura de segurança no trabalho. Por conseguinte, num contexto em que o escrutínio sobre a atuação corporativa se revela cada vez mais exigente, é imprescindível que as organizações assumam um compromisso sólido com a promoção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores. Mais do que um custo, estas políticas são crescentemente encaradas como um investimento estratégico para as empresas.
Ainda que a Lei-Quadro de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho estipule uma série de obrigações nesta matéria, o mero cumprimento destes preceitos legais é, hoje, insuficiente. É imperioso ir mais além.
O que é a cultura de segurança no trabalho?
De acordo com as estimativas globais reveladas no Congresso ICOH de 2022, registam-se, anualmente, cerca de 2,9 milhões de mortes devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais. São dados preocupantes, que trazem para primeiro plano a importância subjacente à implementação de uma cultura de segurança no trabalho.
Embora não exista uma designação definitiva para este conceito, podemos recorrer à formulação da Comissão de Saúde e Segurança, citada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que o descreve como:
“o produto dos valores, atitudes, perceções, competências e padrões de comportamento, individuais ou coletivos, que podem determinar o compromisso e a qualidade de um sistema de gestão de segurança e saúde de uma organização.”
Segundo o instituto Safe Work Australia, as empresas podem, relativamente a este tópico, ser divididas em três categorias:
Organizações inativas: percecionam o seu risco organizacional como insignificante, atribuindo pouca relevância às políticas de segurança e saúde no trabalho (SST). Entendem que os custos e os benefícios da implementação destas obrigações são baixos, adotando uma abordagem não sistemática e de curto prazo;
Organizações reativas: consideram os custos do investimento em SST altos em relação aos benefícios. Assim, atuam em conformidade com as obrigações legais, mas perspetivam-nas como um entrave à competitividade;
Organizações proativas: concebem os custos da cultura de segurança no trabalho como um investimento. Norteadas pela preocupação com o bom funcionamento organizacional e com a segurança dos trabalhadores, adotam uma abordagem sistémica e inclusiva.
Benefícios de uma abordagem proativa à cultura de SST
Aproveitando o simbolismo do Dia Mundial da SST, a OIT assume o desígnio de “promover a criação de uma cultura global preventiva de segurança e saúde” que envolva “todos os stakeholders-chave neste campo”. As empresas são, pois, chamadas a estabelecer uma cultura de segurança no trabalho através do diálogo social, contribuindo para a promoção do bem-estar dos funcionários.
Contudo, não são apenas os trabalhadores que saem beneficiados deste processo. São múltiplas as vantagens competitivas para as organizações:
- Um ambiente de trabalho mais saudável incrementa os níveis de produtividade;
- A prevenção de acidentes e doenças traduz-se em menores custos relacionados com cuidados de saúde (dos primeiros socorros à reabilitação);
- Uma cultura de segurança no trabalho aumenta o capital reputacional da empresa, fator que influi diretamente na capacidade de atrair e de manter talento e clientes;
- Uma atmosfera segura e humanizada fortalece o compromisso dos funcionários com o sucesso da organização, refreando assim o absentismo e a desmotivação;
- O investimento na SST reduz a taxa de turnover, permitindo evitar os custos de substituição de pessoal;
- Uma cultura de segurança no trabalho possibilita a cimentação de um fluxo comunicacional assente na confiança mútua entre todas as partes.
Cultura de segurança no trabalho: da implementação à monitorização
A criação de um sistema integrado de gestão da SST revela-se cada vez mais necessária. Este processo de planeamento tem, no entanto, de ser realizado à medida de cada organização, tendo em conta o seu perfil e as suas necessidades específicas.
Não obstante, há ferramentas e ações diárias para promover uma cultura de segurança no trabalho que não devem ser dispensadas. Antes de mais, é crucial que se faculte formação e informação aos trabalhadores, tornando-os assim participantes ativos nestas políticas e evitando que a aprendizagem decorra somente após a ocorrência de incidentes.
Deste modo, devem organizar-se regularmente iniciativas como workshops, formações ou campanhas de sensibilização. Além disso, é essencial que as empresas avaliem a maturidade da sua cultura de segurança no trabalho, monitorizando aspetos como o compromisso da administração, os acidentes laborais registados, o envolvimento dos trabalhadores ou a sua perceção do risco, por exemplo.
Esta análise deve debruçar-se sobre fatores situacionais (procedimentos e regulamentos), psicológicos (valores partilhados e atitudes) e comportamentais (aplicação prática das medidas). Pode revelar-se útil, neste quadro, realizar frequentemente um questionário SST, que permita obter um retrato fidedigno das problemáticas mais prementes a abordar.
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