Semana Europeia da SST: a importância da consulta aos trabalhadores no combate aos riscos digitais

Semana Europeia da SST: o papel da consulta aos trabalhadores no combate aos riscos digitais 

A revolução tecnológica está a reconfigurar todas as dinâmicas do mundo laboral — e a uma velocidade sem precedentes. Plataformas conectadas, teletrabalho, sistemas de gestão baseados em inteligência artificial (IA) ou ferramentas de monitorização em tempo real passaram a fazer parte do quotidiano de milhões de trabalhadores na Europa. E comportam riscos digitais que importa priorizar, desde já, no quadro da segurança e saúde no trabalho (SST). 

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) sublinha que o impacto destas mudanças é incontornável. Por um lado, a digitalização pode reduzir tarefas repetitivas e ajudar a antecipar ameaças. Por outro, pode agravar desigualdades, aumentar a pressão sobre as equipas e dar origem a novos riscos profissionais, muitas vezes invisíveis ou difíceis de monitorizar. 

Com efeito, a Semana Europeia da SST de 2025 reforça a necessidade de uma abordagem participativa a esta problemática. Afinal, envolver os trabalhadores neste processo, assegurando transparência, diálogo e partilha de responsabilidades, é um fator fulcral. 

 

SST na era digital: as prioridades da Semana Europeia da SST 

O mote desta semana, que decorre entre os dias 20 e 24 de outubro, integra-se na campanha “Safe and Healthy Work in the Digital Age” (2023–2025). O objetivo desta iniciativa passa, sobretudo, por alertar para os impactos da digitalização, antecipando os riscos emergentes nas organizações. 

Durante três anos, a campanha trouxe à luz os benefícios e os desafios associados à tecnologia no ambiente de trabalho. Entre as vantagens, destacam-se o desaparecimento de algumas tarefas penosas ou arriscadas e a possibilidade de monitorizar variáveis críticas em tempo real. No que concerne aos riscos digitais, importa atentar num conjunto amplo de fatores, como a erosão das fronteiras entre vida pessoal e profissional (work-life balance), por exemplo. 

A ênfase deve estar, portanto, numa abordagem participativa, que reconheça que a edificação de uma cultura de segurança se alicerça no diálogo, na transparência e na corresponsabilidade.  

Novos riscos digitais: o que está em causa para os trabalhadores? 

Os riscos digitais manifestam-se, inegavelmente, na organização, na monitorização e na avaliação do trabalho. Nesse sentido, é crucial equacionar alguns fatores: 

  • A gestão algorítmica do trabalho permite distribuir tarefas e avaliar desempenhos de forma automática. Contudo, pode intensificar a pressão, reduzir a autonomia e gerar perceções de injustiça; 
  • O teletrabalho e os regimes híbridos oferecem flexibilidade, mas quando mal regulados conduzem ao isolamento e à dificuldade em desconectar; 
  • A vigilância digital através de softwares, sensores ou câmaras pode comprometer a privacidade dos trabalhadores e minar a confiança nas relações laborais; 
  • A hiperconectividade resulta na diluição da fronteira entre tempos de trabalho e de descanso, potenciando fenómenos de stress ocupacional ou burnout. 

 

Estes riscos digitais convergem, pois, num ponto comum: o seu forte impacto psicossocial. Ansiedade, fadiga cognitiva e problemas de higiene do sono são consequências que podem, certamente, comprometer a saúde individual dos trabalhadores e a produtividade das organizações. 

Semana Europeia da SST: a importância da consulta aos trabalhadores no combate aos riscos digitais

 

Por que motivo é tão crítico dar voz aos trabalhadores neste quadro desafiante? 

Se os riscos digitais estão a transformar a forma como se trabalha, também é verdade que a sua prevenção depende de um elemento central: a consulta aos trabalhadores. Ignorar esta dimensão significa, então, comprometer a eficácia das estratégias de SST. 

Quando as equipas são envolvidas em todas as etapas da introdução de novas tecnologias, os resultados tendem a ser mais equilibrados e sustentáveis. Afinal, essa participação ativa aumenta a aceitação das ferramentas digitais e favorece a deteção precoce de problemas.  

Como tal, a consulta aos trabalhadores desempenha três funções decisivas, a saber: 

Reforço da confiança

A transparência na implementação de sistemas digitais mitiga receios de vigilância abusiva ou de utilização indevida dos dados pessoais.

Aumento da eficácia preventiva

Quem está no terreno identifica riscos (digitais e outros) que muitas vezes não são visíveis à gestão. Isto é vital para o ajuste de medidas.

Melhoria do bem-estar

Este processo colaborativo assegura que a aplicação de tecnologias favorece a produtividade, mas também a saúde mental e a coesão social.

 

Que estratégias priorizar para combater os riscos digitais? 

A gestão dos riscos digitais não pode depender de abordagens reativas. Exige, portanto, uma visão estratégica, capaz de equilibrar inovação, prevenção e respeito pela saúde e segurança de todos os trabalhadores. 

Pois bem, entre as medidas-chave a considerar, neste âmbito, frisamos: 

  • Transparência algorítmica: garantir que trabalhadores e representantes têm acesso às regras e aos critérios que orientam a gestão digital, reduzindo a opacidade dos sistemas; 
  • Reforço da proteção de dados: assegurar que a recolha, o tratamento e a utilização de informação cumprem as disposições legais e respeitam a dignidade dos profissionais; 
  • Diálogo aberto e inclusivo: incluir os riscos digitais nas convenções e acordos coletivos, regulando aspetos como vigilância, carga laboral ou tempos de descanso; 
  • Direito à desconexão: estabelecer mecanismos claros para limitar a hiperconectividade e proteger o tempo de fruição pessoal, prevenindo assim fenómenos de fadiga e burnout; 
  • Formação contínua: investir na capacitação digital das equipas, reforçando as competências técnicas e a capacidade de participação ativa na introdução de ferramentas. 

 

A Semana Europeia da SST de 2025 constitui, assim, uma oportunidade central para reforçar a ideia de que a transição digital será tão mais justa e segura quanto maior for o envolvimento dos trabalhadores na sua conceção e monitorização.

 

Na Centralmed, acompanhamos de perto esta evolução. Disponibilizamos um vasto leque de serviços de excelência na área da Segurança no Trabalho, contando com especialistas preparados para apoiar as organizações na identificação, prevenção e gestão dos riscos digitais emergentes. Contacte-nos! 

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