Cerca de 64% das empresas acreditam que a inteligência artificial (IA) ajudará a incrementar a sua produtividade, de acordo com o estudo da Forbes Advisor: “How businesses are using artificial intelligence in 2024”. Todavia, perante o potencial disruptivo destas tecnologias, revela-se vital que as empresas equacionem as consequências da inteligência artificial no bem-estar dos trabalhadores, nomeadamente os seus efeitos na proteção da saúde mental.
Afinal, como podem as organizações usufruir das potencialidades ímpares das ferramentas de IA sem, com isso, desvalorizar, desproteger e pressionar excessivamente os seus trabalhadores? Que riscos para a saúde devemos ponderar antes da sua implementação no contexto laboral? Siga o fio de perguntas e respostas que preparámos para si, sobre as consequências da inteligência artificial neste quadro.
Como é que os trabalhadores percecionam, hoje, a IA?
Numa perspetiva de médio ou longo prazo, as consequências da inteligência artificial no mundo do trabalho parecem, decerto, altamente imprevisíveis. Todavia, as possibilidades associadas à automação de determinadas tarefas despertam já uma profunda inquietação.
Aliás, o relatório “Work in America: artificial intelligence, monitoring technology and psychological well-being”, da American Psychological Association (APA), revela dois dados significativos sobre as consequências da inteligência artificial:
dos trabalhadores questionados assumem estar preocupados com a possibilidade de a IA tornar obsoletas, pelo menos, algumas das suas tarefas, no futuro.
dos respondentes preocupados com as consequências da inteligência artificial relatam um incremento do stress no trabalho.
Esta preocupação com as consequências da inteligência artificial — que tenderá a agudizar-se com a sua evolução — pode, pois, representar uma ameaça ao bem-estar nas organizações. Portanto, perante o substancial aumento dos problemas de saúde mental no trabalho, não poderemos descurar este risco.
Quais serão as consequências da inteligência artificial para a saúde mental?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, globalmente, se percam cerca de 12 mil milhões de dias de trabalho, todos os anos, devido à depressão e à ansiedade. Trata-se, sem dúvida, de uma problemática incontornável para as empresas.
Ora, o impacto deste risco de índole psicológica poderá agravar-se com a implementação de novas ferramentas tecnológicas, principalmente da IA. As consequências da inteligência artificial espelham-se, então, em problemas como:
- Ansiedade — a utilização de sistemas de IA poderá, certamente, desencadear stress, preocupação e até conduzir a burnout. Estes problemas podem surgir, por exemplo, devido a dificuldades na aprendizagem das ferramentas ou à incerteza relativamente ao próprio futuro do trabalho;
- Depressão — importa sublinhar que a ansiedade anteriormente mencionada poderá desembocar num quadro depressivo. Tal associa-se, por exemplo, a um sentimento de impotência ou inferioridade perante as potencialidades (e a celeridade) da IA generativa;
- Isolamento social — a utilização excessiva destas ferramentas pode contribuir para o enfraquecimento das relações sociais, essenciais para a edificação de um ambiente de trabalho construtivo, saudável e motivador;
- Adição — entre os perigos da inteligência artificial deve, sem dúvida, equacionar-se o agravamento da hiperconectividade. Afinal, estas ferramentas digitais podem gerar dependência e agudizar os comportamentos aditivos (no período laboral e fora dele);
- Paranoia — preocupações associadas ao direito de privacidade, à perda de emprego ou à dificuldade na deteção de informações falsas e deepfakes, por exemplo, podem originar pensamentos obsessivos.
Que estratégias podem as empresas adotar para promover a saúde mental dos trabalhadores?
Com os efeitos nefastos da crise pandémica (e dos sucessivos confinamentos), a implementação de políticas que protejam o bem-estar psicológico dos trabalhadores tornou-se premente para muitas organizações. Num contexto marcado pela incerteza — sobretudo relativamente às consequências da inteligência artificial no trabalho —, uma abordagem preventiva parece ainda mais determinante.
Primeiramente, importa adotar estas tecnologias de forma gradual, sem nunca prescindir do diálogo. Nesse sentido, Arthur C. Evans Jr., CEO da American Psychological Association, enfatiza:
A comunicação aberta e honesta dos empregadores [sobre a implementação de sistemas de IA] pode ajudar a aliviar as ansiedades dos trabalhadores relativamente ao desconhecido. Isto garante, pois, uma melhoria do bem-estar geral e do desempenho organizacional.
Além disso, é fulcral que as empresas invistam em estratégias que lhes permitam, simultaneamente, usufruir das oportunidades da IA e minimizar os seus riscos psicológicos.
Como tornar a Saúde Ocupacional num aliado, perante as consequências da inteligência artificial?
A vigilância médica dos trabalhadores — nomeadamente no que concerne aos incontornáveis problemas de saúde mental — consiste num fator imprescindível, neste contexto desafiante.
Por exemplo, perante as consequências da inteligência artificial no bem-estar (ainda incertas), a medicina do trabalho desempenhará um papel decisivo na implementação de políticas de prevenção e deteção de ansiedade ou burnout. Importa, no entanto, que esta abordagem se molde à realidade de cada empresa e às características únicas de cada trabalhador.
Curiosamente, a própria IA poderá revelar-se, aqui, bastante útil. A implementação de ferramentas “inteligentes” será benéfica em múltiplos aspetos, como, por exemplo:
- Identificação de sinais de risco ou de padrões nas respostas às avaliações psicológicas, assegurando assim um diagnóstico mais célere e preciso;
- Avaliação dos riscos associados ao uso de IA no local de trabalho e desenvolvimento de estratégias para os mitigar;
- Reforço da eficácia das campanhas de promoção da saúde mental, do autocuidado e da segurança no trabalho;
- Promoção de iniciativas como programas de bem-estar e workshops (sobre mindfulness e técnicas de gestão do stress, a título ilustrativo) para ajudar os trabalhadores a lidar com estas mudanças;
- Apoio personalizado, e em tempo real, na gestão de tempo e prioridades;
- Sensibilização dos trabalhadores para os benefícios e riscos do uso de IA, promovendo um uso equilibrado e consciente destas tecnologias.
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