Os riscos psicossociais tornaram-se, inegavelmente, numa das principais ameaças à saúde mental e física dos trabalhadores. Aliás, segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), cerca de metade dos trabalhadores europeus considera o stress como habitual na sua atividade profissional. Além disso, 50% das ausências no trabalho devem-se a este fator psicossocial.
Também a conexão entre riscos psicossociais e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares surgiu como objeto de estudo. Para salvaguardar a Segurança e Saúde no Trabalho (SST) urge, portanto, conhecer os problemas organizacionais que geram riscos psicossociais e como os solucionar.
Celebrando maio como o mês do coração — iniciativa de sensibilização instituída pela Fundação Portuguesa de Cardiologia —, conheça o impacto destes riscos nas doenças cardiovasculares.
O que são riscos psicossociais no trabalho?
De acordo com a EU-OSHA, os riscos psicossociais incluem deficiências na gestão laboral com efeitos negativos na saúde psicológica e física dos trabalhadores. O stress no trabalho pode, por exemplo, conduzir a esgotamentos (burnout) ou depressão.
Entre as condições laborais que incrementam os riscos psicossociais encontramos, então:
- Cargas de trabalho excessivas;
- Jornadas laborais demasiado longas;
- Pouca clareza na distribuição e na definição das funções;
- Exclusão da tomada de decisões;
- Falta de controlo sobre a execução das tarefas;
- Gestão desadequada de mudanças, insegurança e instabilidade laboral;
- Falhas na comunicação com chefias e colegas;
- Falta de apoio;
- Assédio e violência.
Conclui-se, assim, que, num ambiente de trabalho construtivo, no qual a formação e a motivação dos trabalhadores constituem prioridades, os riscos psicossociais decrescem. Afinal, um ambiente positivo promove o desenvolvimento pessoal e profissional, bem como o bem-estar.
Quais são as principais doenças cardiovasculares e qual é o seu impacto?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares consistem num grupo de problemas associados ao coração e aos vasos sanguíneos. Estas incluem, por exemplo, a doença coronária, a doença cerebrovascular e a cardiopatia reumática, que aumentam o risco de morte prematura, acidente vascular cerebral (AVC), enfarte do miocárdio e angina do peito.
Estas condições podem afetar, então, todo o sistema circulatório. Contudo, os tipos de doenças cardiovasculares mais preocupantes centram-se nas artérias do coração e do cérebro, órgãos extremamente vitais. Afinal, segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), enfarte e AVC constituem as principais causas de morte em Portugal.
Praticamente todas as doenças cardiovasculares resultam da aterosclerose, isto é, da acumulação de gordura e cálcio no interior das artérias, dificultando ou impedindo a circulação sanguínea.
O controlo dos fatores de risco revela-se a melhor medida de prevenção destas doenças. Entre eles constam açúcar, colesterol e triglicerídeos elevados, hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade, tabagismo, alcoolismo e sedentarismo.
Stress e doenças cardiovasculares
O stress crónico constitui uma das consequências dos riscos psicossociais no trabalho, resultante da pressão excessiva. A falta de apoio emocional ou de tempo para cumprir as tarefas desemboca, frequentemente, em stress laboral. Pode, quando se prolonga no tempo, originar doenças graves, pois provoca alterações fisiológicas que colocam o nosso corpo em estado de alerta.
Entre os sintomas de stress podemos destacar palpitações do coração, dores de cabeça e no corpo, tonturas, enjoos, cansaço, insónia, perdas ou ganhos de peso abruptos e temperamento instável.
Perante algo stressante, o nosso sistema nervoso ordena a libertação de hormonas que, por exemplo, aumentam a frequência cardíaca e os níveis de açúcar no sangue. Dado que a hipertensão e o açúcar elevado constituem fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, compreende-se como o stress prolongado deteriora o sistema circulatório.
Além disso, o stress gera hábitos de vida pouco saudáveis, prejudicando a alimentação e o sono, incentivando vícios e reduzindo o tempo dedicado à atividade física. Estas mudanças negativas no estilo de vida também potenciam as doenças cardiovasculares.
Assim, trabalhadores sujeitos a riscos psicossociais no trabalho apresentam uma maior probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Por conseguinte, prevenir os riscos psicossociais significa, simultaneamente, combater as doenças cardiovasculares.
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