De acordo com a Agência Europeia do Ambiente (AEA), entre 2011 e 2020, venderam-se cerca de 350 mil toneladas de agrotóxicos por ano. Estes dados, divulgados em abril de 2023, reforçam, sem dúvida, os múltiplos alertas das autoridades relativamente aos perigos dos pesticidas nos alimentos — tanto para a saúde humana como para os ecossistemas.
Contudo, como se caracteriza esta ameaça? Que tipos de pesticidas nos alimentos existem? Neste artigo, exploraremos, então, estas e outras questões, enfatizando as soluções alternativas aos pesticidas a equacionar.
Afinal, o que são os pesticidas nos alimentos?
Os pesticidas (ou agrotóxicos) consistem em compostos químicos com propriedades toxicológicas que permitem combater a proliferação de parasitas hostis para as plantações (insetos, ervas daninhas e fungos, por exemplo). Assim, segundo a U.S. Environmental Protection Agency, os pesticidas nos alimentos definem-se como:
Qualquer substância (ou mistura de substâncias) que se destine a prevenir, destruir, repelir ou mitigar pragas.
O recurso a produtos químicos com o desiderato de controlar pragas de insetos remonta, aliás, à antiguidade greco-romana. De facto, existem evidências de que os gregos e os romanos recorriam a enxofre e arsénio para protegerem os seus campos agrícolas.
Não obstante, na década de 1960, os pesticidas nos alimentos converteram-se em “instrumentos” comuns, considerados como indispensáveis na produção agrícola. Ademais, em Portugal, nos anos 50, 60 e 70, a aplicação de pesticidas progrediu indiscriminadamente.
Que tipos de pesticidas nos alimentos existem?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizam-se, em todo o mundo, mais de 1.000 pesticidas, com propriedades e efeitos toxicológicos distintos. Os principais exemplos de agrotóxicos podem agrupar-se em quatro grandes categorias de classificação de pesticidas, a saber:
- Herbicidas — agrotóxicos que controlam ou previnem o aparecimento de ervas daninhas;
- Inseticidas — pesticidas para destruir insetos, incluindo os seus ovos e as suas larvas;
- Fungicidas — regulam os fungos fitopatogénicos (microrganismos que causam doenças em plantas, como, por exemplo, o míldio e o oídio);
- Outros pesticidas nos alimentos — por fim, podemos ainda mencionar acaricidas (para gestão de ácaros) e raticidas (para combater pragas de roedores).
Quais são as consequências do uso de pesticidas na agricultura?
De acordo com o estudo “How pesticides impact human health and ecosystems in Europe”, publicado pela AEA, em 2023, a implementação generalizada de pesticidas nos alimentos apresenta um preocupante “impacto nos humanos, na saúde dos animais e dos ecossistemas, bem como na segurança alimentar”.
Segurança alimentar: a contaminação por agrotóxicos
Naturalmente, a exposição a pesticidas agrícolas afeta, principalmente, os trabalhadores que os manuseiam, mas não só. A contaminação alimentar constitui, decerto, uma fonte de risco para a saúde humana incontornável por todos.
No âmbito da segurança alimentar, importa frisar a importância do combate aos perigos de teor biológico (parasitas, bactérias e vírus), físico (fragmentos estranhos) e químico. Ora, precisamente nos aditivos químicos tóxicos incluem-se, então, os riscos associados aos pesticidas nos alimentos.
De acordo com a AEA, a intoxicação por pesticidas e a exposição prolongada aos agrotóxicos potenciam o desenvolvimento de múltiplos problemas de saúde:
- Vários tipos de cancro (do ovário, do cérebro, da próstata e da mama, por exemplo);
- Distúrbios neurológicos (como as doenças de Parkinson ou Alzheimer);
- Doenças cardiovasculares;
- Atrasos no desenvolvimento infantil;
- Diabetes;
- Transtornos hormonais;
- Infertilidade (não só masculina, mas também feminina).
As empresas devem, então, consciencializar-se dos profundos efeitos dos agrotóxicos na saúde humana, procurando soluções.
Combate aos agrotóxicos: um desafio atual
Frisando os perigos dos pesticidas nos alimentos, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) destaca que “para minimizar os problemas de saúde resultantes do consumo de alimentos contaminados, o controlo e a monitorização tornaram-se obrigatórios nos países da União Europeia”.
Além disso, a ASAE recordou que o Codex Alimentarius já detetou mais de 3.200 níveis máximos de resíduos de agrotóxicos em alimentos e produtos de uso veterinário. Revela-se, por isso, indispensável que os operadores do setor agrícola sigam as normas em vigor, vitais para a proteção da saúde pública.
Nesse sentido, a AEA apela, assim, à proibição do uso de agrotóxicos em espaços públicos, áreas de captação de água potável e zonas ecologicamente sensíveis. Acrescenta ainda que, nos locais onde a utilização de pesticidas nos alimentos se torna imprescindível, deve-se recorrer a substâncias ativas de baixo risco, permitidas na agricultura orgânica.
Que alternativas existem, então, em vez dos pesticidas nos alimentos?
Inegavelmente, o combate às pragas e doenças — responsáveis por avultadas perdas nas culturas anuais — revela-se fulcral. Pode, aliás, tornar-se determinante na redução global da fome e da pobreza. Os produtores devem, assim, investir em soluções como:
- Controlo biológico — introdução estratégica de predadores e parasitas das pragas nas culturas;
- Biopesticidas — controlam pragas, exercendo menor impacto no meio ambiente e na saúde humana (bactérias, fungos ou extratos de plantas, por exemplo);
- Monda mecânica — com alfaias agrícolas apropriadas, a movimentação do solo destrói os infestantes das culturas e as ervas daninhas;
- Bioestimulantes naturais — produtos biológicos que reforçam a imunidade das plantas e, portanto, a sua resistência às pragas.
Desse modo, se a sua empresa precisa de apoio na implementação de medidas de promoção da saúde pública — nomeadamente no combate aos pesticidas nos alimentos —, conte com a equipa especializada em Segurança Alimentar da Centralmed.