O envelhecimento demográfico consiste, sem dúvida, num dos principais desafios que as sociedades ocidentais enfrentam, atualmente. Com efeito, as condições inerentes às necessidades particulares dos trabalhadores séniores assumem uma importância crescente na vida das organizações.
Mas como garantir a plena inclusão e proteção dos profissionais séniores, combatendo o preconceito (o cada vez mais falado idadismo)? E de que modo é que a promoção da saúde ocupacional e, igualmente, a segurança no trabalho emergem como fatores centrais neste quadro? Consulte, pois, o nosso artigo.
Primeiramente, o que significa o envelhecimento ativo no contexto laboral?
De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), podemos definir que o conceito de “envelhecimento ativo” consiste em “envelhecer com boa saúde, mantendo uma vida independente e desempenhando um papel pleno na sociedade”. Para isso, prossegue o organismo da União Europeia (UE), é fulcral “garantir que os trabalhadores mais velhos se mantenham saudáveis por mais tempo no mercado de trabalho”.
Esta ideia requer, decerto, a adaptação das condições de trabalho, a valorização da experiência acumulada e a promoção de estratégias de saúde ocupacional. Acima de tudo, devemos sublinhar que envelhecer ativamente no trabalho não se pode prender apenas com o adiamento da reforma. É crucial ajustar os percursos profissionais e combater os estigmas que ainda afetam os trabalhadores séniores.
Quais são os principais riscos ocupacionais que afetam os trabalhadores séniores?
O envelhecimento da população ativa implica, sem dúvida, um conjunto amplo de desafios para as empresas. Entre os fatores-chave a equacionar, neste âmbito, podemos então destacar:
- A diminuição da capacidade física e sensorial, como a redução da força muscular, da flexibilidade e das alterações na acuidade visual e auditiva. Pode, por isso, incrementar a probabilidade de acidentes no trabalho, caso de quedas, colisões ou erros na execução de tarefas;
- Atividades repetitivas, esforços físicos intensos ou posturas inadequadas tornam-se, para os trabalhadores séniores, riscos profissionais mais severos. Tendem, com maior facilidade, a originar lesões musculoesqueléticas, como tendinites ou lombalgias;
- A inadequação das condições de trabalho é um fator decisivo no agravamento de doenças crónicas pré-existentes. É o caso da diabetes, da hipertensão ou das complicações cardiovasculares;
- Mudanças organizacionais frequentes ou cargas emocionais acumuladas contribuem para o aumento do stress e da fadiga, fatores que podem culminar em burnout ou absentismo;
- A rápida evolução tecnológica, assim como a introdução de novos processos, podem dificultar a adaptação dos trabalhadores séniores, elevando o risco de erros operacionais e fomentando a sensação de exclusão.
4 fatores-chave para promover um envelhecimento ativo nas empresas
Preservar a segurança e o bem-estar dos trabalhadores séniores exige, inegavelmente, uma abordagem proativa, sistémica e pensada a longo prazo. Afinal, a integração, a proteção e a valorização destes profissionais é uma peça-chave para a sustentabilidade corporativa, garantindo um incremento dos índices de retenção de talento e de produtividade.
Considere, portanto, os seguintes fatores essenciais para possibilitar um envelhecimento saudável e ativo nas empresas:
1. Reconhecimento e valorização da experiência dos trabalhadores séniores
A experiência acumulada das pessoas mais velhas é, certamente, um ativo imprescindível para qualquer negócio. O reconhecimento do contributo dos trabalhadores séniores reforça o seu sentimento de pertença, mas também salvaguarda a transmissão de conhecimento no interior das instituições.
Nesse sentido, pode revelar-se útil considerar estratégias como:
- Criar programas de mentoria, promovendo uma saudável troca intergeracional;
- Instituir, igualmente, programas de mentoria inversa, em que os mais novos podem partilhar conhecimentos sobre tecnologias ou métodos de trabalho inovadores;
- Integrar trabalhadores séniores em projetos estratégicos, valorizando o seu conhecimento acumulado e a sua experiência profissional.
2. Promoção da saúde mental e emocional
O envelhecimento ativo passa, decerto, pela proteção da saúde mental — um fator cada vez mais decisivo no atual contexto social e económico. O isolamento, a desmotivação, o idadismo ou o receio relativamente às novas exigências do mercado de trabalho (como a implementação de soluções de inteligência artificial, por exemplo) podem ter um impacto nefasto no bem-estar emocional dos trabalhadores séniores.
Além do fornecimento de programas de apoio psicológico e de gestão de stress, uma das principais estratégias a contemplar, neste âmbito, passa pela formação profissional contínua. Assim, é fundamental:
- Desenvolver programas de requalificação e atualização constante de competências (especialmente relevantes no que concerne à utilização de tecnologias avançadas);
- Incentivar os processos de reskilling e upskilling adaptados às necessidades e aos interesses particulares dos profissionais mais velhos;
- Desenvolver iniciativas para preparar os trabalhadores para a reforma, como formações de apoio ao equilíbrio financeiro, assegurando assim uma transição mais saudável e tranquila.
3. Adaptação e flexibilização das condições laborais
Garantir um envelhecimento saudável nas empresas implica, igualmente, reconhecer que as necessidades dos trabalhadores evoluem ao longo da vida. Por isso, é essencial instituir, sistémica e proativamente, políticas que tornem as condições laborais mais inclusivas e adaptáveis a cada pessoa.
Assim, algumas estratégias eficazes, neste quadro, englobam:
- Modelos de trabalho flexíveis, como horários adaptados, regimes de tempo parcial ou a possibilidade de trabalho híbrido;
- Ajustes nas tarefas e responsabilidades, assegurando o alinhamento entre as tarefas e as capacidades físicas e cognitivas de cada trabalhador;
- Realização de avaliações periódicas às condições de saúde dos trabalhadores séniores, avaliando fatores como ergonomia, stress, carga laboral e motivação.
4. Saúde ocupacional adaptada aos trabalhadores séniores
As políticas de saúde ocupacional consistem, inegavelmente, num alicerce central do envelhecimento ativo, equilibrado e produtivo nas organizações. Afinal, uma abordagem preventiva, cuidadosa e personalizada é a melhor forma de antecipar problemas de saúde e criar condições laborais adequadas a cada profissional.
Nesse sentido, devemos frisar que o investimento na saúde ocupacional não é apenas uma questão de responsabilidade social do empregador. Trata-se, também, de um investimento estratégico indispensável para aumentar a longevidade profissional, incrementar os índices de satisfação interna e reduzir o absentismo e as taxas de rotatividade.
A implementação sistemática e integrada destas estratégias é uma condição basilar para a segurança e o bem-estar físico e mental dos trabalhadores séniores, mas também para a sustentabilidade dos negócios. Na Centralmed, contamos com uma equipa experiente na área da saúde ocupacional, que pode garantir um apoio próximo, e de excelência, aos profissionais da sua organização — em todas as fases da sua vida. Contacte-nos!