Como combater o ruído no local de trabalho?

Ruído no local de trabalho: consequências e medidas

Desde o acordar até ao adormecer, lidamos com muitos estímulos sonoros — uns mais agradáveis, outros mais incómodos. No que concerne àqueles que podem demonstrar-se nefastos para a saúde, importa destacar o impacto do ruído no local de trabalho, atendendo, pois, à sua potencial predominância na rotina diária dos trabalhadores.

Uma simples conversa entre colegas ou o barulho dos teclados, em ambiente de escritório, podem ser motivo de distração e, assim, aumentar os níveis de stress. No entanto, há fontes de ruído que se revelam verdadeiramente ameaçadoras, podendo mesmo incrementar o risco de perda auditiva. É o caso, por exemplo, dos elevados níveis sonoros a que tipicamente estão expostos os trabalhadores da construção civil.

As empresas devem, portanto, conhecer os limites de segurança auditiva e, no âmbito das suas políticas de Medicina do Trabalho, implementar medidas que permitam monitorizar e controlar o impacto do ruído no local de trabalho, protegendo a saúde dos seus profissionais.

 

O que é o ruído ocupacional?

O ruído pode definir-se como um som indesejado que provoca stress, irritação e, consoante o nível dos decibéis (ou dB — a unidade de medição do som), pode desencadear problemas auditivos temporários ou irreversíveis.

O volume de 60 dB, por exemplo, consiste num nível seguro para a audição. Corresponde ao padrão médio de uma conversa normal ou, então, do regular ruído no local de trabalho em ambiente de escritório.

No entanto, devemos salientar que a exposição contínua a ruído no local de trabalho que exceda os 85 dB compromete substancialmente o aparelho auditivo. A título ilustrativo, durante um concerto, um profissional da indústria do entretenimento poderá ter de lidar com sons que atingem os 120-129 dB. Ou seja, se não recorrer à proteção adequada, corre um sério risco de perda auditiva.

 

Quais são as consequências do ruído na saúde dos trabalhadores?

Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que o ruído no local de trabalho constitui a segunda maior causa ambiental de problemas de saúde, ficando somente atrás da poluição atmosférica. Além disso, no que respeita ao contexto laboral, a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (OSHA) afirma que:

dos trabalhadores europeus sofrem de dificuldades auditivas relacionadas com o seu contexto laboral.
0 %

 

 

Combater o ruído no local de trabalho: a importância da Medicina do Trabalho

Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de setembro, define os limites da exposição ao ruído no local de trabalho, assim como as medidas a aplicar sempre que se revela necessário ultrapassar esses valores. No que diz respeito às obrigações das empresas, a legislação sobre o ruído em ambiente laboral determina, portanto, que o empregador deve:

Assegurar que os riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores resultantes da exposição ao ruído sejam eliminados ou reduzidos ao mínimo.

No entanto, importa que as empresas procurem monitorizar, com frequência, os efeitos prejudiciais do ruído no local de trabalho nos seus profissionais. Nesse âmbito, a Medicina do Trabalho desempenha um papel central.

Por definição, as consultas de Medicina do Trabalho tomam em consideração a exposição de cada utente a determinados riscos profissionais. Nas consultas de vigilância da saúde, os exames e as avaliações a realizar dependem, então, das funções e do contexto laboral de cada trabalhador.

Nesse sentido, para avaliar as consequências da exposição ao ruído no local de trabalho, deve-se efetuar, regularmente, audiometrias. Este exame permite, pois, avaliar com bastante eficácia a capacidade auditiva do trabalhador, testando a sua perceção da intensidade do som.

Além disso, a vigilância médica revela-se crucial para acompanhar outros sintomas relevantes que podem constituir sinais de alarme. É o caso, por exemplo, do surgimento de tinnitus (zumbidos constantes), da sensação de ter os ouvidos tapados ou da emergência de problemas de concentração e de comunicação no contexto laboral.

 

Foco na prevenção: quatro fatores a considerar

Além do vital investimento na Medicina do Trabalho, as empresas devem adotar um conjunto amplo de medidas preventivas para combater este risco profissional. Assim, para garantir a consolidação de uma verdadeira cultura de segurança, que proteja os trabalhadores, importa seguir algumas diretrizes incontornáveis:

  1. Diagnóstico dos riscos
    A avaliação dos níveis de ruído deve realizar-se periodicamente (anualmente, se os níveis anteriores forem elevados, ou a cada dois anos, se os níveis anteriores forem baixos). É, igualmente, necessário fazê-la sempre que se proceder à instalação de novos equipamentos, a alterações no espaço laboral ou à criação de novos postos de trabalho.
  2. Redução da exposição
    A empresa tem a responsabilidade de reduzir ou eliminar as causas do ruído no local de trabalho. Pode optar por equipamentos que disponham de elementos para redução do ruído na fonte (silenciadores, elementos antivibráticos, etc.) ou utilizar materiais para absorver o som nas paredes, no teto ou nas máquinas, por exemplo.
  3. Proteção individual
    Sempre que a exposição ao ruído no local de trabalho ultrapassar os níveis indicados, é essencial que o trabalhador tenha acesso a equipamentos de proteção individual (EPI), como protetores auditivos com a atenuação adequada. De notar, contudo, que esta é apenas a terceira linha de defesa do trabalhador.
  4. Informação e formação dos trabalhadores
    Os profissionais devem ter acesso à formação profissional indicada para conhecerem as ameaças decorrentes da exposição ao ruído ocupacional, no seu dia a dia, assim como as práticas de trabalho seguras que lhes permitam minimizar esses riscos profissionais.

 

O combate preventivo às fontes de ruído no local de trabalho pode, portanto, desempenhar um papel decisivo na proteção da saúde nas empresas. Além disso, deve-se assegurar o devido acompanhamento de cada trabalhador, no âmbito da Medicina do Trabalho. Se a sua empresa precisa de apoio especializado neste campo, garantindo a realização dos exames indicados, por exemplo, conte com a vasta experiência da equipa da Centralmed!

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