As quedas em altura constituem uma das causas mais comuns de acidentes mortais no local de trabalho, principalmente no setor da construção. Além disso, as quedas em trabalhos verticais revelam-se responsáveis por múltiplas lesões graves, incluindo tetraplegia.
Inegavelmente, acidentes em trabalhos verticais resultam em danos irreparáveis, humanos e financeiros, que podem até impossibilitar a reintegração laboral e dificultar a contratação/retenção de trabalhadores. Por conseguinte, torna-se evidente a urgência de as empresas de trabalhos verticais encararem a segurança no trabalho e as políticas de prevenção como prioridades incontornáveis.
Qual é o papel das empresas de trabalhos verticais?
Nos trabalhos verticais, a legislação (Decreto-Lei N.º 50/2005, de 25 de fevereiro) determina a utilização de equipamentos de segurança que impeçam a queda, bem como a adequada formação dos trabalhadores para o seu uso.
A necessidade de trabalhos em altura, apesar de mais frequente na construção, também pode surgir noutras atividades profissionais, nomeadamente na limpeza, na pintura, na carga/descarga ou na reparação de estruturas, como edifícios, pontes, aviões, navios, comboios e linhas elétricas.
Como realizar uma avaliação de riscos em trabalhos verticais?
As empresas de trabalhos verticais têm a responsabilidade de avaliar e evitar os riscos profissionais. Uma avaliação de riscos consiste, então, no exame rigoroso das condições laborais e na determinação de medidas de prevenção.
Múltiplas situações perigosas podem surgir em trabalhos verticais e, potencialmente, resultar em quedas, escorregamentos, tropeços, eletrocussão e consequentes lesões, nomeadamente:
- Pavimentos e escadas em mau estado ou molhados/gelados;
- Superfícies ou materiais frágeis;
- Dificuldades de comunicação (desconhecimento da língua, por exemplo);
- Materiais inflamáveis e produtos químicos expostos;
- Existência de elementos móveis de máquinas (lâminas);
- Possível projeção de material e emissão de poeiras e fumos;
- Manuseamento manual de cargas;
- Condições inadequadas de iluminação, temperatura e ruído;
- Choque com objetos;
- Proximidade entre equipamentos metálicos e corrente elétrica.
A avaliação de riscos divide-se, por isso, nas seguintes etapas:
- Identificar o risco e qual é a fonte do risco;
- Analisar o posto de trabalho e qual é a atividade exercida pelo trabalhador;
- Reconhecer as potenciais vítimas de acidente, como trabalhadores jovens, inexperientes ou com vertigens;
- Apontar as medidas de prevenção já adotadas e a sua eficácia, descrevendo os procedimentos. Indicar ainda a lista de ações a implementar. Garantir que o risco se torna residual;
- Registar exemplos de controlos corretos de riscos;
- Realizar um balanço das precauções adotadas e partilhar os resultados com as equipas, transmitindo-lhes instruções claras para o futuro.
Torna-se fulcral, assim, repetir as avaliações de riscos nos trabalhos verticais com frequência, principalmente após alterações na maquinaria, nas substâncias utilizadas, nos procedimentos e aquando da contratação de novos trabalhadores.
Trabalho em altura e risco de queda
No decorrer dos trabalhos verticais, utilizam-se diversos equipamentos (andaimes, escadas, cordas, entre outros) que deve escolher e avaliar cuidadosamente, consoante:
- Tipo de funções a desempenhar;
- Duração das tarefas;
- Restrições ergonómicas;
- Condições particulares do local de trabalho;
- Capacidades e conhecimentos dos trabalhadores.
Qualquer entidade patronal deverá, portanto, optar por equipamento que ofereça a melhor proteção contra o risco de queda nos trabalhos verticais. Desse modo, a atuação de cada empresa deve sempre guiar-se por:
- Escolha de opções menos arriscadas;
- Redução da exposição ao risco, mediante um planeamento adequado e restrições de acesso;
- Priorização de medidas de proteção coletivas;
- Distribuição de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Quais são as principais normas de segurança para trabalho em altura?
No Guia de boas práticas (Trabalho em altura), da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), referem-se os princípios gerais de prevenção de riscos nos trabalhos verticais. Entre eles, salientamos, por exemplo:
- Deve existir supervisão durante todo o trabalho e inspeção regular dos equipamentos;
- Sempre que for possível, deve descer os objetos nos quais intervirá (integralmente ou por partes), trabalhando no solo;
- Instalar plataformas de trabalho, para minimizar as diferenças de altura;
- Se as diferenças de altura se revelam inevitáveis, determine com exatidão os fatores de risco;
- Nos trabalhos verticais, torna-se imprescindível instalar dispositivos antiqueda (guarda-corpos, corrimãos, barreiras, rodapés, parapeitos, redes e almofadas de ar) e utilizar equipamentos de segurança como arneses e cordas;
- O trabalho deverá organizar-se com o intuito de minimizar o risco de queda, utilizando técnicas de acesso e posicionamento adequadas, que obedeçam aos procedimentos de segurança, além de enroladores e pontos de ancoragem apropriados;
- Caso as tarefas exijam múltiplas descidas e subidas, instale escadas ou elevadores para reduzir o esforço envolvido;
- Caso o trabalho careça de maquinaria com ligação à corrente elétrica ou a uma fonte de ar comprimido, impeça que os cabos de abastecimento prejudiquem os movimentos do trabalhador;
- As mãos do trabalhador devem estar sempre livres para executar as suas funções, bem como na subida/descida de escadas;
- Sempre que um equipamento tiver uma secção dobrável, esta deve encontrar-se bloqueada;
- O calçado dos trabalhadores deve ser antiderrapante e nunca se poderá molhar;
- Todas as escadas devem estar fixadas e no ângulo correto, ao utilizá-las deve manter três pontos de contacto;
- Utilize sempre capacete de segurança nos trabalhos verticais.
Equipamentos de segurança no trabalho em altura e outras medidas
Frequentemente, demonstra-se mais eficaz utilizar Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) — como redes de segurança —, complementados por EPI — como cintos e arneses antiqueda (com amortecedores de energia). Similarmente, deverá optar por equipamento de acesso coletivo (andaimes), e não apenas individual (escadas).
Ademais, as empresas de trabalhos verticais deverão sempre manter-se atualizadas relativamente a novos equipamentos mais sofisticados, capazes de salvaguardar a saúde e a segurança dos trabalhadores. Por exemplo, deve substituir os escadotes por escadas de varandim e as escadas extensíveis por andaimes móveis.
Importa que as organizações planifiquem os trabalhos verticais, garantindo assim as adequadas condições climatéricas, acústicas, de luminosidade ou de acesso. Por fim, as instruções dadas aos trabalhadores nos trabalhos verticais, principalmente relativas a proibições e precauções, devem ser claras e coerentes. A entidade patronal tem, pois, a responsabilidade de formar os trabalhadores e garantir que compreendem como atuar para minimizar os riscos.
Paralelamente também se deve vigiar a saúde dos trabalhadores que executam estes trabalhos, efetuando os exames complementares de diagnóstico adequados a este tipo de atividade para garantir a sua aptidão física e psicológica. Deve, igualmente, providenciar-se formação adequada para atuar em caso de emergência, de necessidade de salvamento ou de resgate dos trabalhadores que executem trabalhos em altura.
Como garantir a segurança em altura através do apoio de uma empresa especializada?
Se pretende garantir a segurança dos seus trabalhadores nos trabalhos verticais, poderá tornar-se necessário recorrer aos serviços de um parceiro especializado em SST, como a Centralmed. A nossa equipa especializada acompanhará, por exemplo, todo o processo de avaliação de riscos, elaboração de uma ficha de procedimentos de segurança nos trabalhos em altura, criação de sinalética de perigo e escolha dos EPC e EPI.
A experiência da Centralmed, tanto na área da SST como na vertente de formação, é um aliado indispensável para garantir o bem-estar dos seus trabalhadores responsáveis por trabalhos verticais. Contacte-nos!