Consumo de açúcar no Natal: riscos e cuidados vitais

A decoração, a iluminação e os cânticos nas ruas já o denunciam: a época natalícia está ao virar da esquina. O Natal regressa e, com ele, chegam os momentos de confraternização e as refeições em família. Contudo, neste último ponto, surgem alguns perigos associados à segurança e qualidade dos alimentos que, por vezes, podem passar despercebidos. Neste artigo, damos a conhecer, então, as consequências do consumo de açúcar no Natal, os cuidados e as alternativas a considerar.

 

Que tipos de açúcar existem?

O açúcar é um hidrato de carbono que se pode encontrar em formato natural ou adicionado a produtos alimentares. Frutose, lactose e sacarose são, assim, tipos de açúcar distintos, com origens variadas. A frutose está presente nas frutas; a lactose encontra-se no leite; já a sacarose é o açúcar comum, frequentemente vendido em pacotes ou adicionado a alimentos processados, sendo a categoria mais perigosa. A concentração de sacarose é elevada em sumos, refrigerantes, cereais de pequeno-almoço, pão industrializado, bolachas, biscoitos, bolos, iogurtes, gomas, rebuçados, chocolate, ketchup e outros molhos.

 

Qual é a dose diária recomendada para o consumo de açúcar?

Perante a frequência do açúcar nos alimentos que consumimos (especialmente no Natal), torna-se demasiado fácil ultrapassar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a saber: até 25 g (cerca de seis colheres de chá) por dia.

Segundo a OMS, revela-se fundamental garantir que os açúcares não representam mais de 10% do consumo calórico diário, sendo ideal reduzi-los para 5%. Com o crescimento das preocupações relativas ao excesso de açúcar consumido em todo o mundo, publicou-se a Guideline: sugars intake for adults and children. Este guia visa sensibilizar a população mundial para os perigos deste ingrediente e orientá-la para um consumo mais saudável, com propostas baseadas em estudos científicos. Ademais, sugere ainda a fiscalização da informação nutricional apresentada nos rótulos e a regulação do marketing de alimentos ricos em açúcar, a par do aumento dos impostos.

De acordo com Ana Lúcia Silva, nutricionista no Hospital da Cruz Vermelha, “em Portugal, cerca de 25% da população ultrapassa as recomendações estabelecidas pela OMS, sendo a prevalência superior nas crianças e nos adolescentes, principalmente através da adição de açúcar de mesa, doces e refrigerantes”. Aliás, uma lata de refrigerante pode conter 40 g de açúcar, quase o dobro do recomendado.

 

Quais são as consequências do consumo excessivo de açúcar?

O açúcar em excesso, considerado o “veneno do século XXI”, pode, sem dúvida, prejudicar a nossa saúde globalmente. Afinal, afeta múltiplos órgãos, aumentando o risco de desenvolvimento de diversas doenças. Destacam-se efeitos como, por exemplo:

  • Inflamação do revestimento das artérias, ampliando o risco de AVC e enfarte;
  • Envelhecimento da pele e aparecimento de rugas;
  • Perturbação do funcionamento dos rins;
  • Crescimento do risco de depressão (em 58%);
  • Acumulação de gordura na zona abdominal (a mais perigosa), aumento do peso e do risco de obesidade;
  • Aparecimento de cáries dentárias;
  • Aumento de substâncias inflamatórias no sangue, agravando doenças reumatológicas, como a artrite;
  • Desenvolvimento de problemas no fígado;
  • Comprometimento do fluxo sanguíneo nos órgãos genitais, intensificando o risco de disfunção erétil.

 

Aliás, importa sublinhar que as doenças cardiovasculares são a causa de morte mais frequente em diabéticos do tipo 2 e que a diabetes é uma das principais responsáveis pela insuficiência renal. A diabetes é uma doença metabólica crónica caracterizada pela elevação permanente da glicemia (concentração de açúcar no sangue), que decorre da carência de insulina. A diabetes do tipo 2 é a mais frequente, englobando cerca de 90% dos casos, devendo-se, muitas vezes, à obesidade resultante do consumo excessivo de açúcar.

Além disso, devemos realçar que o açúcar, ao gerar uma sensação de bem-estar, cria dependência. O seu excesso afeta, pois, a capacidade de o nosso cérebro identificar quando estamos saciados. Investigações ainda em decurso sugerem, também, uma conexão entre o consumo excessivo de açúcar e o desenvolvimento de cancro.

Portanto, revela-se imprescindível regular o consumo de açúcar no Natal, época em que a probabilidade de ingestão excessiva deste ingrediente é mais elevada.

 

Alternativas ao consumo de açúcar no Natal e incentivo de festividades saudáveis

A época natalícia é especialmente encorajadora de hábitos alimentares de risco, não só em relação ao açúcar, mas também ao sal e às gorduras. Será, assim, crucial considerar as seguintes dicas para evitar o exagero no consumo de açúcar no Natal:

  • Se tiver fome frequentemente, procure criar o hábito de recorrer a lanches ricos em proteínas e fibras;
  • Se estiver sob stress, pratique exercícios de respiração, por exemplo, evitando o consumo de açúcar;
  • Leia os rótulos cuidadosamente e evite os produtos com alto teor em açúcar, utilizando alternativas mais saudáveis;
  • Procure pela informação “sem açúcar adicionado”;
  • Evite doces com coberturas e recheios com creme, dando primazia aos bolos secos;
  • Corte ou reduza os refrigerantes e beba água regularmente;
  • Se possível, confecione os doces de Natal, em vez de os comprar;
  • Modere a utilização de açúcar refinado nas suas receitas natalícias ou substitua-o por alternativas adoçantes mais saudáveis e naturais, como açúcar de coco ou mascavado (amarelo), xarope de ácer, canela, fruta, mel, stevia e melaço.

 

Atenção: os produtos light ou diet podem prejudicá-lo na tentativa de controlar o consumo de açúcar no Natal. Afinal, essa indicação refere-se muitas vezes a uma quantidade reduzida ou ausência de gordura, não de açúcar: verifique sempre os rótulos.

Entre os maiores responsáveis pelo consumo de açúcar no Natal, encontram-se doces como: aletria, tronco de Natal, bolo rainha, bolo-rei, rabanadas e sonhos. Por exemplo, uma dose de aletria pode equivaler a mais de sete pacotes de açúcar com sete gramas (53,4 g totais). Similarmente, uma fatia de bolo-rei pode conter 24,7 g (3 pacotes e meio), uma rabanada 15,3 g (mais de 2 pacotes) e três sonhos 13,5 g (2 pacotes).

No decorrer da época festiva e após a sua comemoração, não se esqueça de praticar exercício físico intenso, para consumir as calorias em excesso.

 

Qual é o papel das empresas na promoção de um Natal saudável?

Tal como os governos cuidam das suas populações, as empresas têm a responsabilidade de promover a segurança e qualidade alimentar dos seus trabalhadores. Uma das estratégias a implementar poderá ser, por exemplo, o fornecimento de ações de promoção da saúde, dedicadas aos riscos do consumo excessivo de açúcar, à utilização de produtos alternativos e aos conselhos a seguir. Também deve considerar as dicas supramencionadas na preparação das celebrações corporativas, evitando o consumo de açúcar no Natal.

Se procura garantir uma boa promoção da Saúde dos seus trabalhadores e seguir recomendações para um Natal mais saudável, conte com a Centralmed.

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