Como proteger trabalhadores de vagas de calor e insolação?

Em Portugal, principalmente no verão, tornou-se hábito encontrar notícias sobre vagas de calor ou receber SMS da Proteção Civil a alertar para o perigo das temperaturas elevadas. A população portuguesa já não estranha estes avisos. Contudo, terão as empresas consciência dos verdadeiros riscos das ondas de calor para os seus trabalhadores? Estarão as organizações preparadas para lidar com esta ameaça à segurança laboral?

Descubra então, neste artigo, a influência do calor no trabalho, os sintomas de calor excessivo no trabalho e as medidas de prevenção a adotar para evitar danos derivados da insolação, durante vagas de calor.

 

O que são vagas de calor e que riscos trazem?

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Organização Mundial de Meteorologia, uma vaga de calor (também designada por “onda de calor”) ocorre quando a temperatura máxima diária é superior em 5 °C à média de referência durante, pelo menos, 6 dias consecutivos.

Contudo, impactos negativos substanciais na saúde pública podem ocorrer em períodos mais curtos, principalmente se as temperaturas superarem o valor médio em mais de 5 °C. Além disso, vagas de calor podem surgir em qualquer altura do ano, apesar de serem mais notórias nos meses de verão.

Como explicam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), podem ocorrer consequências para a saúde bastante nefastas, associadas às vagas de calor. Os maiores riscos emergem quando as temperaturas mínimas ao longo do dia e da noite se encontram já muito elevadas, impedindo que o corpo humano recupere. Vagas de calor intenso agridem o organismo, conduzindo a, por exemplo:

Desidratação

Deficiência de água no corpo e baixa concentração de sais minerais e eletrólitos.

Esgotamento/Exaustão

Desregulação do metabolismo hidroeletrolítico, provocando perda de água e eletrólitos excessiva por transpiração.

Cãibras

Espasmos musculares dolorosos devido a calor intenso ou hidratação insuficiente.

Golpe de calor/Insolação

Resposta inflamatória sistémica que causa o sobreaquecimento do corpo.

 

Insolação: o que é, sintomas e tratamento

Perante vagas de calor, o organismo, geralmente, reage promovendo a transpiração e a evaporação de suor, que regulam a temperatura corporal. Existem, pois, mecanismos de defesa que tentam preservar valores próximos de 37 °C.

Todavia, após uma exposição prolongada ao calor e/ou à humidade — que coloque a temperatura interna perto dos 39 °C, em 10-15 minutos —, os mecanismos naturais de arrefecimento do corpo podem falhar, gerando uma emergência médica: a insolação. Tal pode também ocorrer, por exemplo, durante a realização de esforço físico intenso e na ausência de consumo regular de água.

A insolação pode derivar de uma humidade do ar tão elevada que dificulta a evaporação do suor. Assim, não ocorre a libertação de calor essencial para a termorregulação humana. Contudo, durante vagas de calor, a insolação pode também nascer de uma transpiração tão intensa que conduz facilmente à desidratação.

 

Sintomas de insolação

Os principais sintomas de insolação decorrentes de vagas de calor incluem, por exemplo:

  • Febre alta, com elevação da temperatura corporal exponencial;
  • Tonturas e fadiga;
  • Lentidão de raciocínio e desorientação;
  • Dores de cabeça intensas, visão turva, náuseas e vómitos;
  • Ausência anormal de transpiração;
  • Pele excessivamente seca, quente e avermelhada;
  • Respiração acelerada e palpitações;
  • Falta de coordenação motora, fraqueza e dores musculares;
  • Urina escurecida, menos frequente e de odor intenso;
  • Perda de consciência e coma.

 

Por vezes, após vagas de calor e durante uma insolação, a temperatura corporal pode até exceder os limites de um termómetro.

 

Tratamento da insolação derivada de vagas de calor

Nas vagas de calor, perante uma insolação (principalmente num golpe de calor, quando o corpo supera 40 ºC), deve seguir determinados passos para garantir a proteção da saúde e da vida da vítima:

  1. Telefonar para o 112.
  2. Transportar a vítima para um local fresco (de preferência com ar condicionado), sentá-la ou deitá-la e despi-la ou vestir-lhe peças de roupa mais leves.
  3. Fornecer-lhe água fresca para beber, evitando bebidas açucaradas, se estiver consciente.
  4. Refrescá-la com o ar fresco de uma ventoinha ou com água à temperatura ambiente (para evitar calafrios).
  5. Verificar a sua temperatura com um termómetro, tentando que decresça, pelo menos, até 38 °C.
  6. Não administrar medicação para reduzir a temperatura, pois esta não funcionará nestes casos.
  7. Aguardar por assistência médica ou dirigir-se para o hospital.

 

 

Vagas de calor: efeitos do calor excessivo na saúde e no desempenho profissional

O incremento exponencial da temperatura do corpo e a desidratação durante as vagas de calor podem alterar o estado mental do trabalhador, causar queimaduras e danos permanentes ou até mesmo tornarem-se fatais, provocando distúrbios em múltiplos órgãos vitais, nomeadamente cérebro, coração, pulmões, rins e fígado. Inegavelmente, vagas de calor em Portugal prejudicam a produtividade dos trabalhadores e ameaçam as suas vidas.

Assim, revela-se indispensável garantir a proteção contra calor no local de trabalho. As empresas devem, então, estar sensibilizadas para as consequências da temperatura corporal elevada e adotar medidas preventivas que promovam a Segurança no Trabalho (ST).

Trabalhadores mais velhos, diabéticos, obesos, portadores de doenças cardiovasculares, pulmonares ou renais e grávidas encontram-se mais vulneráveis aos efeitos negativos das vagas de calor, portanto, carecem de mais cuidados com o calor. Similarmente, alguns distúrbios de pele e a toma de medicação que reduz a transpiração constituem fatores de risco. Durante vagas de calor, uma insolação também se torna provável após o consumo de bebidas alcoólicas ou perante problemas intestinais, que promovem a desidratação.

 

Cuidados a ter com o calor: medidas de proteção contra as ondas de calor no trabalho

Para controlar o risco físico resultante das condições atmosféricas adversas (calor) ou minimizar a exposição ao calor no ambiente de trabalho, a sua empresa deverá implementar medidas preventivas contra vagas de calor como, por exemplo:

  • Evitar a exposição solar direta, principalmente entre as 11 e as 17 horas, fornecendo postos de trabalho à sombra;
  • Impedir a permanência em espaços quentes, húmidos e fechados, com pouca ventilação;
  • Proibir o repouso em viaturas expostas ao sol com as janelas fechadas e sem ar condicionado. Sempre que possível, concretizar viagens noturnas;
  • Assegurar ar condicionado nos locais de trabalho;
  • Manter as persianas fechadas nas horas de maior calor e, posteriormente, promover a circulação de ar ao entardecer;
  • Implementar pausas regulares em ambientes frescos, arejados e à sombra, principalmente após esforço físico intenso;
  • Incentivar a aplicação de protetor solar com um índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) a cada duas horas, especialmente durante as vagas de calor;
  • Promover a utilização de indumentária de algodão, leve, larga e confortável. Incluir vestuário de proteção para a cabeça (chapéu de abas largas e óculos contra a radiação UVA e UVB);
  • Fornecer água e incentivar o consumo de, pelo menos, 1,5 litros por dia;
  • Oferecer refeições leves e frequentes;
  • Respeitar os limites de tolerância para exposição ao calor;
  • Formar os trabalhadores relativamente à insolação, sensibilizando-os para a importância de estar atento aos seus sinais e de os comunicar imediatamente.

 

Se pretende garantir a proteção dos seus trabalhadores, principalmente durante as vagas de calor, conte com o apoio dos especialistas em Segurança no Trabalho da Centralmed.

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