Dia Mundial da Saúde: as principais doenças profissionais

Na celebração do Dia Mundial da Saúde 2023, recordamos a importância da proteção da saúde dos trabalhadores e da prevenção das doenças profissionais. Estas consistem num flagelo que, de acordo com a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), mata 2,4 milhões de pessoas no mundo, anualmente. Ademais, dessas mortes, 200.000 ocorrem na Europa.

Em Portugal, tal como no resto do mundo, as lesões musculoesqueléticas (LME) constituem, sem dúvida, as perturbações da saúde dos trabalhadores mais preocupantes. Afinal, estas revelam-se comuns e provocam elevados níveis de absentismo e incapacidade.

Além disso, estas doenças profissionais afetam particularmente as mulheres, devido às atividades repetitivas que desempenham. Por outro lado, os homens correspondem à maioria das vítimas dos acidentes de trabalho.

Contudo, na atualidade, verifica-se também um crescimento dos problemas associados à saúde mental no trabalho, como a ansiedade e a depressão. Descubra então, neste artigo, quais são as doenças profissionais mais frequentes, as profissões de risco e as medidas de prevenção a implementar.

 

O que é uma doença profissional e ocupacional?

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), as doenças profissionais ou ocupacionais constituem “todas as doenças contraídas pelo trabalhador na sequência de uma exposição a um ou mais fatores de risco presentes na atividade profissional, nas condições de trabalho e/ou nas técnicas usadas durante o trabalho”.

Segundo a legislação portuguesa, consideram-se doenças profissionais todas as presentes na Lista das doenças profissionais (Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de julho).

Além disso, também se incluem nas doenças profissionais todas as outras lesões corporais, perturbações funcionais ou doenças ausentes da lista oficial, nas quais se comprove a relação direta com a atividade laboral (artigo 283.º do Código do Trabalho). Portanto, excluem-se as consequências do desgaste normal do organismo com o envelhecimento.

 

Que tipos de doenças profissionais existem?

As doenças profissionais dividem-se em cinco categorias, a saber:

Doenças provocadas por agentes químicos — derivadas da exposição a substâncias como, por exemplo, chumbo, mercúrio e arsénio;

Doenças do aparelho respiratório — devido à exposição a materiais como sílica, amianto, carvão, cortiça, madeira, entre outros;

Doenças cutâneas e outras — surgem como consequência do contacto com cimentos, crómio, níquel, resinas epóxi, proteínas do látex, fungos, entre outros;

Doenças provocadas por agentes físicos — causadas por radiação (ionizante, infravermelha, ultravioleta ou de laser), pressão, ruído, vibrações, sobrecarga, luminosidade fraca ou uso continuado da voz;

Doenças infeciosas e parasitárias — como, por exemplo, tétano, tuberculose, meningite, estreptococia, difteria, estafilococia, sífilis cutánea, salmonelose, raiva, hepatite, poliomielite, varicela, rubéola, sarampo e cólera.

 

Alguns exemplos de doenças profissionais
Doenças provocadas por agentes químicos Doenças do aparelho respiratório Doenças cutâneas e outras Doenças provocadas por agentes físicos
– Estomatite
– Ulceração cutânea ou das mucosas
– Conjuntivite
– Perturbações gastrintestinais agudas
– Osteosclerose
– Icterícia
– Intoxicações
Fibrose e enfisema pulmonar
– Insuficiência respiratória aguda
– Carcinoma pulmonar
– Asma profissional
– Candidíase cutânea
– Dermite de contacto alérgica, irritativa, traumática ou eczematiforme
– Urticária
– Rinite
– Reações alérgicas sistémicas
– Foliculite
– Anemia
– Radiodermite
– Catarata
– Tumores malignos da pele
– Leucemia
– Sarcoma ósseo
– Síndrome vertiginosa
– Otite
– Laringite crónica

 

O que é uma Lesão por Esforço Repetitivo (LER)?

Tal como o nome indica, estas lesões nascem de movimentos idênticos constantes, principalmente quando associados a uma postura incorreta e ao levantamento de pesos. Aliás, tornaram-se particularmente comuns devido à utilização das novas tecnologias, sendo das doenças profissionais que mais afetam os jovens.

Contudo, é frequente os trabalhadores só repararem nas LER quando estas provocam tanta dor que impedem a realização das tarefas, o que demonstra a urgência na prevenção destas doenças profissionais.

 

10 das principais doenças profissionais

De acordo com um inquérito sobre as condições de trabalho, conduzido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, as doenças profissionais mais graves apontadas pelos trabalhadores incluíam problemas ósseos, articulares e musculares. Todavia, 54% dos inquiridos também indicaram a exposição a fatores de risco para a saúde mental.

Assim, entre as doenças profissionais mais comuns, podemos destacar:

1. Epicondilite

Conhecida informalmente como “cotovelo do tenista”, a epicondilite consiste, então, na degeneração e na inflamação dos tendões do cotovelo, que provocam dor e inchaço. Assim, todas as atividades que impliquem movimentos repetitivos do antebraço constituem fatores de risco.
Consequentemente, a epicondilite afeta não só desportistas, mas também pintores, cozinheiros, carpinteiros, talhantes, marceneiros e motoristas.

2. Síndrome do túnel cárpico

Esta doença profissional nasce da compressão do nervo mediano, afetando então a mão e os dedos. Os principais sintomas incluem, por exemplo, dor, dormência e formigueiro, sendo o maior fator de risco o movimento repetitivo das mãos.

3. Burnout

O burnout corresponde a um estado de exaustão extrema que deriva do stress laboral crónico. Esta doença profissional é frequente naqueles que prestam serviços e lidam com pessoas, como, por exemplo: profissionais de saúde, dos serviços sociais e professores.

4. Rizartrose

Apesar de mais frequente em mulheres com mais de 40 anos, qualquer trabalhador pode desenvolver rizartrose. Esta consiste numa deterioração da cartilagem dos polegares, causando assim inflamação, rigidez, deformação e destruição das articulações. A dor que provoca na ligação do polegar ao punho, associada a traumatismos e movimentos repetitivos, pode tornar-se incapacitante.

5. Bursite do cotovelo

Conhecida informalmente como “dor de cotovelo”, surge da inflamação de uma bursa (ou bolsa), acompanhada de inchaço. Ademais, deve-se a movimentos repetitivos e traumatismos.

6. Lombalgia

Quando nos referimos a “dor no fundo das costas” estamos, na verdade, a falar da lombalgia, uma dor lombar associada a más posturas e à movimentação de cargas pesadas. Constitui, aliás, uma das causas mais frequentes de reforma por doença profissional/invalidez.

7. Tendinite

Consiste numa inflamação do tendão (estrutura que une os músculos e os ossos), devido a movimentos repetitivos. Portanto, trabalhadores com tendinite experienciam dores ligeiras durante a execução de determinados movimentos que, gradualmente, se vão agravando.

8. Hérnia de disco

A hérnia discal ou de disco caracteriza-se por uma compressão das estruturas nervosas (medula espinal). Assim, ao comprimir um nervo, a hérnia causa dor, dormência e fraqueza muscular, geralmente no braço e na mão (braquialgia), no pescoço (cervical), na perna e no pé (ciática) ou nas costas (lombar). Surge, sobretudo, como consequência do levantamento de cargas pesadas e de movimentos repetitivos.

9. Cervicalgia

A cervicalgia caracteriza-se por dor e rigidez cervical, formigueiro, perda de sensibilidade e de força muscular. Geralmente, resulta do enfraquecimento dos músculos devido a má postura ou traumatismos.

10. Tenossinovite

Também conhecida como “dedo em gatilho” ou “em mola”, envolve nódulos ou edemas nos tendões dos dedos da mão. Os principais sintomas incluem, então, dor, ressalto e bloqueio do dedo, deixando de ser possível esticá-lo ou dobrá-lo. Ademais, associa-se a traumatismos.

 

Lista das profissões de maior risco para doenças profissionais

Apesar de todas as profissões apresentarem alguns riscos, no que diz respeito ao desenvolvimento de doenças profissionais, algumas tornam-se especialmente vulneráveis, a saber:

  • Trabalhadores agrícolas, silvícolas e pescadores;
  • Trabalhadores da construção civil;
  • Carpinteiros, marceneiros e pintores;
  • Cozinheiros e talhantes;
  • Motoristas;
  • Enfermeiros;
  • Empregados de limpeza;
  • Mineiros;
  • Operadores de máquinas e carregadores/descarregadores;
  • Artesãos;
  • Secretários;
  • Bailarinos.

 

Como prevenir as doenças profissionais?

Geralmente, as principais doenças profissionais podem evitar-se implementando medidas decisivas como, por exemplo:

  • Melhorar a postura corporal;
  • Utilizar cadeiras com apoio lombar, mantendo os pés no chão;
  • Apoiar completamente os antebraços na secretária, ao nível do teclado e do rato;
  • Colocar o ecrã do computador ao nível dos olhos;
  • Ajustar os equipamentos à altura dos trabalhadores, otimizando a ergonomia do local de trabalho;
  • Alternar a mão utilizada e as tarefas, para evitar movimentos repetitivos;
  • Para erguer e transportar cargas pesadas, baixar-se, dobrando os joelhos, com os pés no chão e as pernas afastadas, trazer o peso à frente, próximo do corpo, mantendo a coluna o mais direita possível;
  • Realizar intervalos e pausas frequentes (pelo menos, a cada duas horas);
  • Executar exercícios de alongamento e relaxamento;
  • Evitar apoiar-se sobre o cotovelo;
  • Solicitar ajuda para concluir tarefas em momentos de pressão;
  • Usufruir de férias;
  • Cultivar um ambiente de trabalho agradável e seguro;
  • Frequentar formações relativas à prevenção das doenças profissionais.

 

Se pretende salvaguardar a saúde dos seus trabalhadores e adotar medidas de prevenção das doenças profissionais, conte então com a equipa de especialistas em Medicina do Trabalho da Centralmed.

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