Setembro amarelo: papel das empresas na saúde mental

Com o agravamento das doenças mentais após a pandemia de COVID-19, a saúde mental atingiu, sem dúvida, o centro das preocupações da comunidade internacional. Por conseguinte, oportunidades de promoção do bem-estar psicológico e sensibilização para os perigos da doença mental — como a iniciativa “setembro amarelo” — conquistaram apoiantes, nomeadamente empresariais.

Sabe, então, o que é o “setembro amarelo”? Além disso, conhece o papel determinante das empresas na proteção da saúde mental dos trabalhadores? Descubra o impacto de problemas como ansiedade, depressão, burnout e stress no trabalho no incremento do suicídio, a par das estratégias para combater este flagelo.

Qual é o significado de “setembro amarelo”?

Desde 2003, assinala-se a 10 de setembro o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, uma data focada na reflexão sobre este flagelo social agravado pelo incremento dos problemas de saúde mental no mundo.

Aproveitando esta ocasião, uma campanha internacional para a prevenção do suicídio, iniciada no Brasil, em 2014, desenvolve projetos de consciencialização da população. Essa iniciativa, conhecida como “Campanha Setembro Amarelo” decorre anualmente com a colaboração de múltiplas entidades governamentais e não governamentais.

A “Campanha Setembro Amarelo” em Portugal alinha-se com os objetivos das políticas públicas de saúde mental, como o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio (do Programa Nacional para a Saúde Mental e da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental) e a Campanha Nacional de Prevenção do Suicídio.

Setembro amarelo: dados estatísticos sobre o suicídio no mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a prevenção do suicídio como uma prioridade na saúde pública global. Lançou até o mote “Creating Hope Through Action” (Criar Esperança através da Ação) para assinalar o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, entre 2021 e 2023, focando o impacto das nossas ações quotidianas para salvar vidas.

Além disso, a tendência de suicídio cresceu nas últimas décadas. Portanto, neste “setembro amarelo”, atente nos principais sinais de doenças mentais e aponte as linhas de prevenção do suicídio (SOS suicídio):

Quais são as principais causas de suicídio?

O suicídio revela-se um fenómeno multifatorial, isto é, provocado por uma complexa interação entre causas psicológicas, biológicas, genéticas e socioambientais. Contudo, verifica-se que a maioria dos casos de suicídio (90%) envolvem pessoas com doenças mentais, principalmente depressão e ansiedade (que podem derivar do stress laboral).

A ideação suicida (isto é, pensamento ou planeamento do suicídio) também ocorre, frequentemente, em pessoas com historial de abuso físico ou emocional, como vítimas de violência doméstica ou assédio no trabalho. Pode surgir em momentos de luto, de perdas marcantes ou em crises (dor crónica, por exemplo).

A importância de adotar práticas inspiradas na “Campanha Setembro Amarelo” nas organizações

Tendo em conta o tempo que a maioria da população despende no trabalho, torna-se, então, evidente o papel crucial das empresas na proteção da saúde mental e física. Exigências laborais crescentes e irrealistas, preocupações financeiras, instabilidade profissional, falta de apoio e segurança no trabalho, discriminação ou conflitos com colegas e chefias surgem, inegavelmente, entre as causas de doenças mentais.

Os responsáveis pela gestão dos trabalhadores devem, assim, estar sensibilizados para os riscos psicossociais, a seriedade e os sinais de doenças mentais.

Aliás, lembre-se: todos os tipos de doenças mentais provocam decréscimos na produtividade e na motivação dos trabalhadores, além de incrementarem o absentismo.

Urge, sem dúvida, adotar a postura sugerida pela “Campanha Setembro Amarelo”. Afinal, de acordo com dados do Eurostat, de 2021, Portugal é o país europeu onde os trabalhadores se sentem menos satisfeitos com a sua situação laboral.

Similarmente, a Deco (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor) destaca que um em cada três trabalhadores encontra-se em risco de burnout. Além disso, metade dos trabalhadores sente falta de apoio da liderança em situações de stress.

Como podem as empresas promover a saúde e o bem-estar físico, mental e social?

As medidas de prevenção do suicídio e proteção da saúde mental a adotar, incentivadas pela “Campanha Setembro Amarelo”, incluem, por exemplo:

  • Providenciar formações focadas na promoção da saúde mental, nos principais transtornos mentais associados ao trabalho e em regulação emocional;
  • Incentivar a discussão e a reflexão sobre saúde mental no trabalho, durante e após o “setembro amarelo”;
  • Combater o estigma da doença mental em Portugal, incentivando e valorizando a partilha de experiências dos trabalhadores;
  • Evitar o isolamento social das pessoas mais vulneráveis, encorajando team building;
  • Apostar na flexibilidade laboral, nomeadamente de horário, por exemplo;
  • Promover um ambiente de trabalho saudável, cooperativo, com objetivos, expectativas e prazos claros e realistas;
  • Permitir a comunicação contínua e franca, disponibilizando canais para sugestões ou pedidos de auxílio anónimos;
  • Resolver conflitos entre equipas e líderes prontamente e com empatia;
  • Desenvolver planos de carreira, assegurando aos trabalhadores estabilidade financeira e a possibilidade de crescimento profissional;
  • Realizar inquéritos para avaliar os níveis de stress dos trabalhadores periodicamente, identificando as principais causas e sugerindo soluções;
  • Compreender a conexão entre alimentação e saúde mental, promovendo hábitos alimentares saudáveis;
  • Reconhecer a importância do lazer como fator de proteção da saúde mental, respeitando o tempo de descanso dos trabalhadores;
  • Desenvolver atividades de relaxamento no trabalho;
  • Investir em apoio psicológico e psiquiátrico regular para os trabalhadores;
  • Implementar uma cultura de segurança no local de trabalho.

 

Se durante e após a “Campanha Setembro Amarelo” pretende salvaguardar a saúde mental dos seus trabalhadores, conte com o apoio dos especialistas em Medicina do Trabalho da Centralmed. Consulte os nossos pacotes de saúde e bem-estar e faça parte do inadiável combate a este tabu.

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