Sabe o que é e como se combate a depressão sazonal?

Depressão sazonal: como identificar e combater este problema?

Os dias invernosos pintam-se, frequentemente, de tons cinzentos e chuvosos. Além disso, contam com menos horas diárias de sol — o que se traduz em menos luz — e com temperaturas mais frias. Este quadro pode, de facto, ter um impacto expressivo no bem-estar e no equilíbrio emocional. Em certos casos, pode mesmo estar na origem de um mal-estar patológico. Nesse contexto, falamos então de depressão sazonal, ou transtorno afetivo sazonal.

Mas, afinal, o que caracteriza esta desordem comportamental? Expressa-se apenas no outono e no inverno? E como podem as empresas implementar medidas de combate à depressão sazonal no âmbito das suas estratégias de promoção da saúde no trabalho? Siga o fio de perguntas e respostas que preparámos para si.

 

O que é, então, a depressão sazonal?

Conhecida internacionalmente pela sigla inglesa SAD (Seasonal Affective Disorder), a depressão sazonal pauta-se pelo seu cariz volátil, relacionando-se diretamente com a mudança das estações.

De acordo com a organização governamental National Institute of Mental Health, dos Estados Unidos da América, a depressão sazonal é:

Um tipo de depressão caracterizado por um padrão sazonal recorrente, com sintomas que persistem durante cerca de 4 a 5 meses, ao longo do ano.

Importa, no entanto, frisar que este tipo de depressão pode também verificar-se nos meses da primavera e do verão. Não obstante, revela-se muito mais predominante nos meses invernosos.

 

Quais são as principais causas da depressão sazonal?

Ainda que não seja evidente a existência de uma causa explícita para este transtorno muito frequente nos meses frios, de acordo com a comunidade científica, devemos prestar atenção a um quadro multifatorial:

Quebra nos níveis de serotonina

Primeiramente, importa considerar a influência que a falta de luz exerce na produção deste neurotransmissor, conhecido como “hormona da felicidade”. Atua no cérebro, nomeadamente na comunicação entre os neurónios, estando envolvido na regulação do humor, por exemplo.

Alterações no relógio biológico

A redução das horas de luz solar, que se verifica no inverno, pode interferir com o compasso interno do organismo. Falamos, pois, de uma perturbação do ritmo circadiano, com impacto nos níveis hormonais, no metabolismo e, sobretudo, no sono.

Aumento dos níveis de melatonina

A falta de luz natural desencadeia um incremento na produção desta hormona responsável pela indução do sono. Isto espelha-se, então, num aumento da fadiga.

Além disso, pode revelar-se útil analisar um fenómeno conhecido no Brasil por dezembrite” ou “síndrome de fim do ano”. Na verdade, neste país tropical, o fim do ano não se pauta pelos tons invernosos que conhecemos, por esta altura, em Portugal. Todavia, o nível de stress dos brasileiros aumenta, em média, 75% no mês de dezembro, segundo a International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR).

Isto deve-se, sobretudo, ao peso emocional dos balanços anuais, frequentemente associados a emoções de frustração e cobrança. Ademais, a turbulência que marca o final do ano — tipicamente, com vários momentos festivos e de convívio — pode gerar algum cansaço, bem como certa angústia e ansiedade.

 

 

Como identificar os sintomas da SAD?

Na maior parte dos casos, os sintomas da depressão sazonal começam a surgir de modo mais acentuado no final do outono, estendendo-se depois pelo inverno. Costumam, então, dissipar-se com a chegada dos dias com mais horas de sol, na primavera.

Revela-se crucial prestar uma especial atenção, nesta fase crítica, a alguns sinais comuns, a saber:

  • Quebra significativa de energia;
  • Sensação prolongada de tristeza e letargia;
  • Perda de interesse em atividades que costumam ser fonte de prazer;
  • Problemas de concentração e fadiga;
  • Aumento expressivo do apetite e do peso;
  • Sensação de irritabilidade e vontade de estar sozinho;
  • Grande necessidade de dormir;
  • Perda de esperança e sentimento de culpa;
  • Sensação de vazio e falta de autoconfiança.

 

Contudo, importa sublinhar que, no âmbito da depressão sazonal que desponta na primavera ou no verão, a sintomatologia pode variar. Neste caso, é mais comum verificar-se:

 

Existe algum tratamento para a depressão sazonal?

Após o diagnóstico da depressão sazonal — mediante uma avaliação psicológica especializada —, há várias estratégias que podem revelar-se fundamentais na resolução deste transtorno. Entre essas opções, a analisar por um especialista consoante o perfil de cada paciente, podemos então destacar:

  • Alterações no estilo de vida e na rotina, de modo que se aumente a prática de exercício físico e a exposição à luz natural, por exemplo;
  • Terapia da luz, ou fototerapia, em que se força a exposição do corpo à luz solar, com equipamentos indicados para o efeito;
  • Recurso à Terapia Cognitivo Comportamental, ou TCC, uma ferramenta da psicoterapia que pode tornar-se numa valiosa ferramenta de gestão do stress e de controlo das emoções.

 

Em casos mais aprofundados de depressão sazonal, pode revelar-se necessária a prescrição de medicação, mediante avaliação médica.

 

Como podem as empresas implementar estratégias de prevenção deste problema?

O mundo laboral lida, cada vez mais, com a incontornável gestão dos problemas de saúde mental no trabalho. Trata-se de um desafio central para a saúde pública, e exige-se que as empresas desempenhem um papel ativo neste combate.

Nesse sentido, importa enfatizar a importância das estratégias de prevenção e combate à depressão sazonal, nas empresas. Elencamos, pois, algumas das principais medidas a implementar, no local de trabalho, para incrementar o bem-estar:

  • Fomente entre os trabalhadores o hábito de fazer passeios ao ar livre, quando as condições meteorológicas o permitirem;
  • Organize o espaço de trabalho de modo que entre o máximo de luz natural possível;
  • Estimule a adoção de hábitos saudáveis na empresa: da prática regular de exercício físico aos hábitos alimentares (evitando, por exemplo, doces e hidratos de carbono);
  • Invista numa cultura empresarial assente na confiança mútua, no diálogo aberto e na segurança, procurando diminuir o stress ocupacional;
  • Promova o equilíbrio saudável entre a vida pessoal e a profissional (work-life balance);
  • Procure obter feedback regular, por parte dos trabalhadores, relativamente ao seu equilíbrio e bem-estar. Pode fazê-lo, por exemplo, através de questionários de avaliação do risco psicossocial.

 

Neste inverno, implemente na sua organização uma estratégia consolidada que proteja o bem-estar dos trabalhadores, combatendo os tons cinzentos da depressão sazonal. Para isso, pode então contar com o apoio da experiente equipa de Medicina do Trabalho da Centralmed. Contacte-nos!

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