As alergias alimentares são um problema de saúde pública que atinge um grande número de pessoas. De acordo com alguns estudos científicos recentes, estas alergias afetam cerca de 6% dos adultos. No caso das crianças, o valor sobe para 8%, sendo que se denota uma clara tendência de crescimento. Mas, afinal, o que provoca este problema? Como identificá-lo? Existe uma cura? Respondemos-lhe a estas e outras questões.
O que são alergias alimentares?
Ainda que constituam um problema amplamente conhecido, é provável que muitas pessoas não saibam exatamente o que são as alergias alimentares. Segundo um guia publicado pela Direção-Geral da Saúde, uma alergia alimentar é uma reação adversa “que ocorre quando o sistema imunológico reconhece erradamente um alimento como uma entidade agressora ao organismo”.
Esta resposta exagerada do sistema imunitário pode resultar da exposição aos alimentos através de diferentes vias: a ingestão, o contacto com a pele ou mucosas e por meio de vapores decorrentes da confeção. Além disso, esta reação pode ser desencadeada, em linhas gerais, por dois mecanismos imunológicos:
- Alergias alimentares IgE-mediadas: resposta imediata e geralmente aguda, fruto da produção de anticorpos de tipo IgE contra o alimento. É a forma mais comum, sendo que os sintomas surgem cerca de 30 minutos a duas horas depois do contacto;
- Alergias alimentares não IgE-mediadas: reação retardada, iniciada mais de duas horas após o contacto com o alimento.
Sintomas das alergias alimentares
- As manifestações clínicas das alergias alimentares podem ser bastante variadas e apresentar diversos graus de gravidade. Em casos extremos, chegam a revelar-se fatais. Os sintomas podem surgir associados a órgãos e sistemas diferentes. Enunciamos alguns exemplos:
- Manifestações cutâneas: são as mais frequentes, envolvendo a pele e/ou as mucosas. Neste âmbito, incluem-se as erupções cutâneas, a urticária, o angioedema (inchaço que pode afetar as pálpebras, os lábios ou as mucosas), os eczemas, o prurido ou a sensação de formigueiro na cavidade oral;
- Manifestações gastrointestinais: no que diz respeito ao aparelho digestivo, podem surgir sintomas clínicos como dores abdominais, diarreia ou vómito;
- Manifestações respiratórias: ainda que não sejam tão intuitivamente associados às alergias alimentares, os sinais relacionados com o aparelho respiratório são, também, comuns. Alguns dos indícios que podem, então, surgir: rinite, pieira, tosse e dificuldades respiratórias;
- Manifestações cardiovasculares: sinais como taquicardia ou diminuição da tensão arterial podem estar igualmente associados a alergias alimentares.
As principais alergias alimentares
Uma das principais questões levantadas em relação a este tópico é, certamente, quais são os produtos que mais facilmente podem desencadear alergias alimentares. Ainda que todos os géneros alimentares possam estar na origem deste tipo de reação, existem alguns produtos a que é preciso estar especialmente atento.
Segundo uma lei norte-americana aprovada em 2004, denominada “Food Allergen Labeling and Consumer Protection Act”, estão identificados oito gatilhos comuns, a saber:
- Leite;
- Ovos;
- Peixe;
- Mariscos (crustáceos e moluscos);
- Nozes;
- Amendoins;
- Trigo;
- Soja.
A partir de 2023, esta legislação passará a integrar um nono alergénio: as sementes de sésamo. Em Portugal, a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) acrescenta a esta lista de alergias e intolerâncias produtos como o aipo, a mostarda, o tremoço ou todo o tipo de frutos de casca rija (amêndoas, avelãs, castanhas-de-caju, pistácios, etc.).
Qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar?
Estes dois termos são, muitas vezes, confundidos. Contudo, é importante distingui-los. As intolerâncias alimentares, ao contrário do que sucede com as alergias alimentares, não envolvem o sistema imunológico. Estão, sim, associadas ao processo de digestão ou de transformação de um determinado alimento no organismo.
Neste caso, a sintomatologia mais comum passa por desconforto ou dor abdominal recorrente, flatulência, diarreia, cefaleias, fadiga e sensação de mal-estar.
Como tratar as alergias alimentares?
Antes de mais, é importante sublinhar que, caso tenha a suspeita de estar a desenvolver uma alergia alimentar, deve consultar de imediato um especialista. Desse modo, poderá proceder-se ao correto diagnóstico do problema e, assim, atuar em consonância.
Caso se verifiquem as suspeitas, recorrendo a testes de alergias alimentares, o alergénio deve ser excluído por completo da dieta — a evicção alimentar. De notar que este princípio de não ingestão se deve estender a todos os produtos que o contêm.
Além disso, os indivíduos que sofrem de alergias alimentares, sobretudo nos quadros graves de anafilaxia, devem fazer-se acompanhar de dispositivos apropriados para a autoadministração de adrenalina e de medicamentos anti-histamínicos. São recursos fundamentais para responder a uma situação de ingestão acidental, uma vez que se trata de um problema sem cura.
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